Perfumes: quanto mais simples, melhor

19.09.2012

Um perfume, em teoria, é uma mistura de 100 diferentes componentes. Não é o caso do “Molecule 01”: com apenas 1 elemento (o aroma sintético chamado Iso E Super), ele ganhou fãs como Madonna, Elton John, Dita von Teese e Kate Moss. A fragrância foi criada pelo perfumista alemão Geza Schoen que, em passagem pelo Brasil, conversou com o Blog LP. Entenda o mistério da fragrância abaixo!

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Existe uma citação sua falando que os perfumes dos anos 80 e 90 eram melhores. Por que você acha isso?
Acho que os perfumes de antigamente tinham mais personalidade. Era mais fácil ter ideias – quanto mais você avança no tempo, mais difícil fica criar algo novo e original. Gostava muito do Man Pure (da Jil Sander) e do Alliage (da Estée Lauder).

O que faz com que um perfume tenha personalidade?
Hum, difícil… O olfato é muito mais complexo que a visão, por exemplo. Somos bombardeados com informações visuais o tempo todo e sabemos prontamente, ao olhar algo, se gostamos ou não. Com o olfato não é assim. Cada pessoa vem de um lugar com paisagens, árvores e flores diferentes. Tem a ver com memória também – sua avó, por exemplo, cozinhava algo diferente da minha. Acho que o que torna um perfume individual é sua “alma”, sabe? Mas isso varia de pessoa pra pessoa.

Então existe a possibilidade de uma essência “global”, que agrade todo mundo?
Mais ou menos. Acho que o mais próximo disso é, sinceramente, o Molecule 01, já que ele é muito simples. Pra um perfume ser “global”, ele tem que ser fácil e entendido por todos. Por exemplo: limão, lima, laranja são cheiros que todo mundo conhece e provavelmente gosta. Os perfumes complexos, por sua vez, são mais difíceis de serem entendidos, porque usam muitas misturas e acabam muito fortes. Sempre digo que, se você pode sentir seu próprio cheiro cada vez que respira, é demais.

Você sente alguma tendência pro futuro da perfumaria?
No geral, é muito difícil prever o que vai acontecer no ramo da perfumaria. Há 10 anos, quando a Dolce & Gabbana lançou o Light Blue for Her, tiveram um resultado horrível nos grupos de pesquisa – todo mundo odiava. Como o olfato está muito ligado à memória, as pessoas gostam de perfumes cujo cheiro já conhecem, então leva um tempo pra se acostumar com o novo. Quando ele foi lançado, acabou sendo um sucesso, porque era diferente. Depois, a Procter & Gamble comprou os direitos e lançou o Light Blue for Him – que, por outro lado, foi um desastre. É um perfume sem graça, popular. No fim, você quer ter um cheiro único, não ter o mesmo perfume que todo mundo. Por isso é importante que o perfume se mescle com a química e o odor natural do corpo. É preciso arriscar pra conseguir criar algo incrível e assim, ter sucesso. Acho que foi o que conseguimos com o Molecule 01. Sou meio minimalista e gosto de simplificar, por isso o perfume deve ser direto, sabe?

Falando nisso, o Molecule 01 foi apelidado de “poção do amor”. O que o torna sexy?
Bom, um cheiro sexy, pra mim, é minha namorada saindo do chuveiro com cheiro de “nada”. O cheiro da própria química da pessoa, sabe? Essa coisa de quando se está apaixonado, do cheiro da pessoa amada ser o melhor do mundo, foi minha inspiração. O Molecule 01 tem notas de cedro, que pra mim é supersofisticado, e se desenvolve com a química do próprio corpo da pessoa – é importante pra mim que ninguém saia por aí com o mesmo perfume que todo mundo. E ele passa longe de complexidade, coisas muito doces ou frutadas. Nada como o Angel [da Thierry Mugler], por exemplo. Nem conseguiria conversar com uma pessoa que usasse esse perfume! (Risos)

Espírito Bird: (48) 3207-1007

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