Você sabia que as vendas de suplementos com vitamina D aumentaram em 600% desde 2001? E que em 1903 um médico chamado dr. Niels Ryberg Finsen ganhou o Prêmio Nobel por demonstrar que o sol era capaz de curar diversas doenças (entre elas o raquitismo, que em 1900 afetava 80% das crianças de cidades industrializadas do norte Europeu e nordeste dos EUA)? Já houve um tempo, inclusive, em que os próprios governos recomendavam a exposição ao sol pra população e hospitais usavam lâmpadas de radiação UV pra tratar seus pacientes!
Esses fatos soam como curiosidades esquisitas, principalmente porque nos últimos 40 anos tudo mudou. Com a descoberta de que os raios UVA e UVB podem causar queimaduras, envelhecimento precoce e câncer de pele, as pessoas simplesmente deixaram de se expôr ao sol ou passaram a fazê-lo inteiramente cobertas com protetor. E isso resultou em uma grande diminuição nos níveis de vitamina D da população – porque ela não é sintetizada sem sol. Segundo estudo feito entre jovens (de 1 a 21 anos) nos EUA em 2009 pelo dr. Michal Melamed, 9% de pessoas dessa faixa de idade (ou seja 7,6 milhões) apresentam deficiência séria dessa vitamina, e 61% (50,8 milhões) tem níveis abaixo do normal.
Sabe o que essa carência pode significar? O endocrinologista americano dr. Michael Hollick afirma que todas as células de nosso corpo possuem receptores de vitamina D, portanto acima de tudo ela é essencial pro funcionamento celular. Em seus livros sobre o assunto (“The Vitamin D Solution” e “The UV Advantage“), ele elencou mais 7 benefícios que níveis adequados da vitamina podem trazer:
. Prevenção de cânceres de próstata, pâncreas, mama, ovário e colón;
. Prevenção de doenças infecciosas e do trato respiratório superior;
. Prevenção de doenças do coração e derrames;
. Prevenção de diabetes tipo 1 e 2;
. Prevenção de esclerose múltipla;
. Prevenção de doenças dos ossos em geral (raquitismo, osteoporose, osteomalácia);
. Diminuição no risco de depressão, esquizofrenia, Alzheimer, demência, tensão pré menstrual e distúrbios de sono.
A Universidade da Califórnia contribui com um estudo em que estima a redução de 250.000 casos de câncer de cólon e 350.000 de câncer de mama no mundo por ano, caso os níveis de vitamina D da população aumentem. Já o dr. William Grant, do Sunlight, Nutrition and Heath Research Center, prevê uma diminuição de 30.000 mortes por ano somente nos EUA!
Mas por que continuamos achando que o sol é prejudicial? Dr. Hollick tem uma resposta: “As companhias farmacêuticas podem vender o medo (do sol), mas não a luz solar. Por isso, não há nenhuma campanha a respeito dos benefícios dele pra nossa saúde”. Ele diz que hoje o número de mortes causadas por câncer de pele é baixo (nos EUA são pouco mais de 10.000 por ano) e elas estão muito mais relacionadas a um fator genético do que a exposição solar em si. Dr. Grant compartilha da mesma opinião: ” A indústria do filtro solar financia a Academia Americana de Dermatologia pra que eles promovam a ideia que as pessoas devem evitar o sol e usar protetores”. Polêmica!
A dra. Flávia Ravelli, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afirma que as pessoas jamais aplicam a quantidade certa de filtro solar, portanto já estamos expostos a radiação UVB por tempo suficiente, mesmo usando-o, pra obter a vitamina D necessária pro nosso corpo. Entretanto, o dr. Hollick defende que atualmente as pessoas estão usando protetores com FPS 45 – pra ele, ainda que você aplique metade ou um terço do recomendado, sua capacidade de captação de vitamina D será reduzida em… 95%!
Quem quiser seguir as indicações do médico que levantou as polêmicas em livros deve descobrir quanto tempo de exposição ao sol leva pra ficar vermelho no dia seguinte. Aí a pessoa deve passar de metade a um quarto desse tempo com braços e pernas expostos à radiação UVB (entre 9h e 15h aqui no Brasil), 3 vezes por semana. Pelo que dr. Hollick defende, dessa forma é possível obter de 20.000 a 30.000 IU de vitamina D – o suficiente pra elevar seu nível a quantidade ideal de 40 a 60ng/mL. Pra se obter o mesmo nível através da suplementação, precisaríamos tomar de 10.0o0 a 25.000 IU por semana – o que é uma complicação quando os suplementos disponíveis no mercado tem em torno de 400 IU por comprimido e, ao contrário do sol, são pagos… Qual é sua opinião sobre toda essa história? Será que o uso de filtro solar e a preocupação com exposição ao sol são mesmo exagerados? Comente!