Arte e tecnologia, por Anaisa Franco

10.09.2010

Coloque a arte e a tecnologia juntos em uma sala e feche a porta. O que você vai encontrar lá quando voltar depois de uns dias vai ser algo como o que Anaisa Franco, artista de 29 anos, faz – e que estará em exposição em lugares diferentes da cidade a partir de hoje (10/09), quando o Atelier Veredas recebe “Dream Machines“; e da próxima terça-feira (14/09), que é quando “Tékhne” abre suas portas no Museu de Arte Brasileira.

A 1ª que mencionamos aí em cima é individual, com 4 obras/instalações. São elas: “Paranóia”, “Segurança Inalcançável”, “Memórias Trancadas” e “Controlled Dream Machine”, que deu a deixa pro nome da exposição. O que Anaisa Franco faz são esculturas eletrônicas do tipo “tem que ver”. São comportamentais, permitem ou precisam de interação, num remix de matéria física com recursos digitais, como vídeos e animações. Isso faz com que ela precise da ajuda de engenheiros, músicos, arquitetos, fotógrafos e físicos no desenvolvimento da obra. E o que ela quer? “Inserir comportamentos psicológicos em máquinas esculturais expandidas na tentativa de fazê-las expressar algum sentimento visível ao público através da sensibilidade aos olhos ou ao toque”, diz. Pra isso, seu ateliê é, muitas vezes, um medialab (tipo um centro de pesquisa avançada, interdisciplinar, com profissionais megaespecializados, que dá suporte a artistas como ela). Eles são especialmente importantes pois significam também um apoio financeiro indireto pra execução das obras que, segundo ela, “custam uma fortuna!” – vide seu projeto mais recente, “Alienated Routine“, custou cerca de € 2 mil para ser produzido.

Denise Mattar, que fez a curadoria da outra expô que mencionamos lá em cima, lista este como o grande problema da arte que se utiliza da tecnologia como forma de expressão (e um problema que vai até o fim da exposição – afinal, uma tela pintada a óleo não precisa de um técnico disponível pra sua manutenção 24h por dia). Foi ela quem escolheu Anaisa pra exposição coletiva “Tékhne“, na qual faz um panorama da relação entre arte e tecnologia no Brasil desde os anos 1960 misturando fragmentos de exposições que já passaram pelas mesmas salas do MAB com um núcleo contemporâneo (que é justamente o que a artista integra, sendo a mais jovem de todas da listinha, com 10 outros nomes). “Ela tem um trabalho cuja elaboração é muito complexa, mas o resultado é simples, sutil e bonito”, diz sobre a artista e seu “Expanded Eye“. Essa obra a qual ela se refere é um grande olho transparente, preso no teto, com uma câmera infravermelha que projeta os olhos do espectador e interage com o movimento de piscar das pálpebras. Viu só? Complexo – mas muito, muito bonito. Pra entender melhor, corre na galeria – e visite o site oficial!

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