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Por baixo dos caracóis de seus estilos

26.08.2008


A dupla aposta na sobriedade no show em homenagem a Tom Jobim

Dois ícones da música brasileira sobem ao mesmo palco para celebrar um gênio da Bossa Nova. Os personagens da trama são Tom Jobim, o homenageado, mais Caetano e Veloso e Roberto Carlos. Blog LP adorou a idéia do show e faz uma retrospectiva fashion do estilo de Caetano e Roberto. Se agora eles apostam na linha monocromática e discreta (claro que Roberto não abandonou o mullet nem os cintos de fivelão), o passado foi bem diferente. Roberto já era rei, só que do bling bling. Usava e abusava das correntes e vivia cheio de pulseiras nos braços. Caetano também foi precursor, só que do Tropicalismo. E dá-lhe looks exóticos e transgressores.


Anos 60: Roberto de correntão, marca registrada, e o tropicalista Caetano

Roberto Carlos era nosso Mick Jagger e seu estilo fez da Jovem Guarda um dos movimentos jovens mais influentes na moda até hoje. Ternos coloridos, muita bijoux, sapato de salto, túnicas hippies e, o mais escandaloso pra época, cabelo comprido. Se Roberto causava ”febre de juventude” sendo o símbolo do galã da época, Caetano era o anti-galã, anti-cultura, anti-moda e, por isso mesmo, o mais desejado. Caetano era fashion por natureza e fez com sua turma um dos movimentos mais importantes da MPB: a Tropicália. Ousado, usava terno rosa e casaco de pelúcia. Seu cabelo crespo enorme inspirou Roberto Carlos a escrever a canção que saudava sua volta do exílio de Londres – e dá titulo a essa matéria.


Anos 70: Roberto com jeans (na calça boca de sino ou camisa); Caetano precursor da tanga de Gabeira; e de gola cacharrel, hit da época

No desbunde dos anos 70, os dois estavam no auge. Caetano volta do exílio, é reverenciado como o grande inovador da MPB e aparece de tanga vermelha, e mínima, na capa de um disco. Seu estilo é um dos mais fortes e originais da história: meio África, meio Bahia e muita androginia. E gola cacharrel, hit de todos na época. Roberto começa a abandonar sua postura rock’n’roll pra se tornar o cantor romântico que mais vende disco na América Latina, sempre com sua calça boca de sino.


Anos 80: Roberto navy e Caetano de branco

Nos anos 80, Roberto já era Rei consagrado. Só usa terno com ombreira e manga arregaçada. Seu estilo passa por uma fase navy, onde só entram tons de azul e branco, mania mais tarde diagnosticada como TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Caetano começa um processo mais cool: vai eliminando suas rebeldias e figurinos exóticos, pra ficar mais chique e discreto. Prefere calça com cintura no lugar, de alfaiataria, camisetas com manga dobrada e chinelo.


Anos 90: Roberto com costume azul e Caetano de smoking com pareô

Nessa fase Caetano tem seu estilo cooptado pelo mainstream fashion e até posa de modelo para o badalado estilista italiano Romeo Gigli. Uma aparição com smoking e pareô balinês numa apresentação causa comentários.

 

Apesar de continuar como um dos cantores mais vendidos do Brasil, Roberto não está na sua melhor fase pessoal. Maria Rita, esposa e grande amor, morre de câncer e seu TOC se agrava. Nessa época, o Rei está cada vez mais metódico com seus looks. Mistura de cores, nem pensar.


2000: Roberto e suas fivelonas e Caetano supercool

O Rei não tem mais dúvidas do seu estilo: só usa branco e azul e, nos shows, exige que os músicos também se vistam assim. Mantendo alguns traços de estilo, não abandona o cinto com fivelão por nada. Estilo é estilo, mas a gente torce por apenas uma mudança em seu visual. Robertão, um corte de cabelo please!!! Já Caetano está mais chique e cool do que nunca. Usa Prada, Herchcovitch e Yamamoto. Como um elegante senhor de 60 anos que se preza, envelhece sem perder o frescor. 

Caetano Veloso e Roberto Carlos no Auditório Ibirapuera em SP
 

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