Os desfiles da Huis Clos e a repercussão no mundo da moda

28.03.2013

Comoção na moda depois da notícia da morte de Clô Orozco (1950-2013) neste 28/03. “Clô está entre as estrelas de maior brilho na história da moda brasileira. Fundou sua marca no final dos anos 70 e criou um estilo com quê intelectualizado igual ao nome que escolheu, Huis Clos. Foi fundamental pra profissionalização e construção do mercado de moda aqui, incluindo o SPFW, e formou várias gerações. O minimalismo elegante, muito próprio, era sua marca registrada”, lembra a Lilian.

Socióloga e fundadora da multimarcas Splash nos anos 70 e da Huis Clos em 1979, ela batizou sua marca em homenagem à peça homônima de Jean-Paul Sartre. Em 2001 criou uma segunda etiqueta, Maria Garcia, que junto com a marca-mãe fez parte do SPFW. Ambas se afastaram das passarelas por conta da crise na empresa – o último desfile da Huis Clos foi no outono-inverno 2012 -, mas a Maria Garcia voltou ao line-up no inverno 2013, com nova direção criativa, de Keka Torello.

Morreu em SP a estilista Clô Orozco

Estilistas e fashionistas se pronunciam a respeito. Walter Rodrigues, que trabalhou na Huis Clos de 1984 a 1986, se expressou via Facebook: “Ela foi minha mestra, minha guia, sua elegância, seu senso de estilo e seu amor à moda sempre me contagiaram, vou sentir saudades, vou me recordar de nossas idas ao Anne Future, das idas à sua chácara, do boa noite Elizabeth, boa noite John Bob [sic], que era como nos despedíamos antes de dormir… Você vai fazer falta Clô neste mundo cada vez mais deselegante! Obrigado por tudo o que você me ensinou!”.

Reinaldo Lourenço conversou por telefone com o Blog LP: “O que eu posso dizer… Estou muito triste. Comecei a trabalhar com a Gloria (Coelho) nos anos 80 e conhecemos a Clô em 1982. Ficamos amigos, porque ela era uma mulher muito inteligente. Ela é uma vítima do momento atual da moda, dessa instabilidade”.

Paulo Borges discorda da ligação da morte com o momento da moda, uma discussão que toma as redes sociais entre os fashionistas. “Está todo mundo perplexo, é um momento de reflexão de tudo. A Clô era uma pessoa tão doce, tão apaixonada pelo trabalho dela, que entregou sua vida pra moda por 40 anos. Acho um pouco dramático e irresponsável julgar essa tragédia dessa forma pontual. Não é uma coisa de agora – há alguns anos ela entrou num processo de depressão, se afastou, melhorou, voltou a desfilar, depois piorou de novo. Eu vi isso de perto. Precisamos refletir de uma forma geral sobre esse gesto, sobre o mundo de hoje, que está chato, com essa patrulha, onde as pessoas são empurradas pra um monte de coisas e perde-se o valor da vida, isso sim”.

Rodrigo Rosner conheceu a estilista quando trabalhava na fábrica dos pais, especializada em roupas de festa e fornecedora da Huis Clos e também falou com a gente: “Eu que atendia, a gente fazia os vestidos de festa dela. Estou falando de 1997/98… Eu tinha uns 18 anos e ela conversava muito comigo durante as provas de roupa, elogiava meu senso estético… Fiquei super triste! Na verdade descobri porque liguei na Helena Augusta, que é minha assessoria (e da Huis Clos) e as meninas estavam aos prantos”.

Sara Kawasaki, atual estilista da Huis Clos, e Camila Cutolo, que trabalhou na Maria Garcia desde o começo da marca, preferiram não se pronunciar. Gloria Coelho, Marcelo Sommer, Pedro Lourenço e as modelos Michelli Provensi e Lais Ribeiro também declararam luto. Entre suas clientes fiéis estavam Camila Morgado e Marília Gabriela, que falou com o GNT sobre a morte: “Clô Orozco criou como viveu: discreta e elegantemente. A vida, em sua estridência e desarrumação, não foi sua melhor companheira. Vou sentir saudade!”.

Aqui na galeria, uma retrospectiva em imagens dos desfiles da Huis Clos, Maria Garcia e os últimos trabalhos de Clô com a Riachuelo e Shoestock.

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