Morre André Brett, empresário fundamental na história da moda masculina no Brasil

15.12.2019

Andre Brett na inauguração da loja Armani no shopping Cidade Jardim em 2008

A moda brasileira perdeu sexta-feira, em 13/12, uma figura fundamental na formação da moda masculina e do segmento de luxo. O empresário André Brett morreu em SP aos 77 anos, vítima de leucemia e acidente vascular cerebral. São-paulino e virginiano, André foi um trabalhador incansável. E mesmo quando se cansava, dava a volta por cima e se reinventava. 

André era um apreciador do luxo mas não de frescuras e muito menos de ostentação. Não é à toa que batalhou pra trazer a Giorgio Armani para o Brasil, marca que representava esse estilo. Na primeira fase, em 1993, ele confeccionava aqui e as peças eram aprovadas pelo signore Armani em Milão. Mas a operação era cara e complicada demais e logo fechou. Quatro anos depois, lá estava aquele André (que não queria mais saber da “desgraçada da moda”) de volta ao mercado, agora com a operação da Emporio Armani e seu famoso Café, sempre na região dos Jardins, em parceria com a família Fasano. Com a sócia Michelle Nasser, André trouxe também a Armani Exchange, a Ermenegildo Zegna, D&G (da Dolce & Gabbana), Tod’s e Canali. O mercado de luxo foi amadurecendo no Brasil e muitas marcas resolveram assumir sua operação no país, caso de Armani, que saiu do guarda-chuva de André em 2012, para sua decepção.

André Brett e sua mulher Luiza na inauguração da Canali em 2011

De família de imigrantes húngaros, André chegou ao Brasil aos 4 anos. Seu pai, Estevão, abriu em 1953 a Vila Romana, que mudaria o mercado de roupa masculina no Brasil. Aos 17, André começou a trabalhar com o pai e acabou comandando operações pioneiras como a abertura, por licenciamento, de marcas como Pierre Cardin (em 1970), Yves Saint Laurent, Pierre Balmain, ValentinoCalvin Klein e Christian Dior. Cardin chegou a vir ao Brasil em 1987 e inaugurou, na então nova sede da Vila Romana, o Museu Estevão Brett, homenagem ao patriarca que já havia morrido.

O Brasil era um mercado fechado para a importação e a Vila Romana tinha então a “licença” de confeccionar e comercializar a coleção masculina dessas marcas. Foram 20 anos de crescimento e expansão, com recursos inovadores, faturamento de US$ 120 milhões. Até que veio o Plano Collor, que sequestrou a conta bancária de todos os brasileiros. As consequências desastrosas na economia do país refletiram diretamente sobre o business dos Brett, que acabaram encerrando a Vila Romana. Mais uma vez, como eu disse antes, André se reinventou. A moda masculina e o mercado de luxo no Brasil devem muito a ele.

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