Jeff Koons já fez várias obras provocativas. Uma delas é a série “Gazing Ball“, na qual ele reproduz algumas das obras mais conhecidas da história da arte ocidental com uma bola azul de efeito metálico parecido com o dos “Balloon Dog” que viraram símbolo do trabalho do artista. Essa bola se transforma em ponto focal da obra, de certa forma modificando nosso olhar, mas muita gente desconsiderou o trabalho, apontando-o como mera cópia (não Lady Gaga, que inclusive incluiu uma “gazing ball” na capa do seu disco “Artpop“). Mas será que, da mesma forma que Marcel Duchamp, Koons não está justamente questionando o valor da obra de arte e de suas reproduções, agora em escala diferente, sendo ele mesmo um “artista superestrela”?
E o questionamento atinge um novo estágio com o anúncio da parceria entre Koons e a Louis Vuitton. A marca já trabalhou com diversos artistas antes (incluindo Stephen Sprouse e Takashi Murakami, pra ficarmos só em dois sucessos de venda), e na colab inédita ela mergulha seu produto nessa reflexão iniciada na “Gazing Ball”. As bolsas (e também lenços) trazem reproduções de “superobras” (a saber, “Monalisa” de Leonardo da Vinci; “Marte, Vênus e Cupido” de Tiziano; “Campo de Trigo com Corvos” de Vincent Van Gogh; “Caçada do Tigre” de Peter Paul Rubens e “Jovem Brincando com Cachorro em sua Cama” de Jean-Honoré Fragonard). Batizada de Masters, a linha lembra aquelas bolsinhas que você compra na loja do museu só que trazem o monograma da Vuitton bem reluzente – ao lado de outro de Jeff Koons, um “JK” bem estilizado, e o sobrenome dos artistas em caixa alta, como um logo. Mercantilização da arte, esvaziamento do valor de obras clássicas, o que é valioso e o que não é – todo esse subtexto está ali, na forma de… it-bag? Esteticamente, goste ou não, já dá pra imaginar o impacto que elas vão causar quando chegarem nas prateleiras, no dia 28/04. Vai querer? Veja mais na galeria – é só clicar na foto pra acessar.
