Marília Carneiro comenta figurino de “Guerra dos Sexos”

25.09.2012

Uma das maiores figurinistas do Brasil está pronta pra passar seus ensinamentos. Marília Carneiro vai dar um curso sobre figurino a partir do dia 5/10 no Espaço Patrícia Sauer, no Rio. Blog LP aproveita a oportunidade pra não só recomendar o curso (as informações pras inscrições estão no fim do texto) mas também entrevistar Marília, que é a responsável pelo figurino da novelaGuerra dos Sexos“, com estreia marcada pra dia 1/10. Ela falou sobre o novo trabalho e mais, confira:

As pessoas sempre usam o figurino de “Dancin’ Days” como referência pra falar de você. Mas obviamente você não fez só isso: quais figurinos entre os que você criou que você destacaria?
Deixe-me ver… “Gabriela” [a primeira versão], “Dancin’ Days”, “Malu Mulher”… “Malu” era realista, de vanguarda na época, e era outro formato também, não era novela. E “Celebridade” eu me orgulho muito, acho que ficou bom aquela coisa da Malu Mader e a Claudia Abreu, uma querendo ser a outra. Foi nessa novela também que lancei a batinha com jeans, que é algo que ficou até hoje. Outra referência dessa novela é o Fabio Assunção de terno escuro com camisa escura e gravata escura. Hoje isso é banal mas na época não era. E o que mais? Tem o “A Vida Como Ela É”, acho um trabalho muito inspirado do Daniel Filho e acho que correspondi! (Risos) É um trabalho parecido com essa série, essa que todo mundo fala, como chama?

“Mad Men”?
Isso. Mas acho que gosto mais de “A Vida Como Ela É”. (Risos)

Por quê?
Porque é uma década mais bonita, “A Vida” é dos anos 50, “Mad Men” é 60. E também teve as brincadeiras em cima da moda de “Ti-ti-ti”, e agora vai ter a “Guerra dos Sexos”.

Saiba mais sobre o colar de pérolas do último Batman

Conta um pouco sobre “Guerra”.
É um retorno à elegância, ao figurino classicão de Hollywood, contrastando com as empreguetes e “Avenida Brasil”. Vamos ver como vai ser.

Quem vai ser a mulher que você acha que pode lançar tendências na novela?
É a Mariana Ximenes, que sempre que aparece pode ter esse papel. Ela é rica, elegante, herdeira, chamo de menina de Mônaco. Estou colocando bastante sainha com camisa, e camisa com laço, ficou bonito na Mariana. Também tem um terninho branco, que é quase um fetiche meu, a Malu Mader usava um terninho branco de algodão da Gucci em “Celebridade” e agora a Mariana também usa.

Você é uma referência pra muitos figurinistas iniciantes e mesmo pra outros que já tem bastante tempo de estrada. Mas quem é referência pra você?
Kalma Murtinho é a mestra das mestras. Ela faz peças de teatro, bebi muito na fonte dela. O forte dela são os trabalhos de época, ela já trabalhou com Fernanda Montenegro e Renata Sorrah. Sabe em “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”? Também tem a filha dela, Rita Murtinho, que é uma gênia. E que mais… Tenho colegas muitíssimo competentes: olha como “Avenida Brasil” é bom, como “Cordel Encantado” é bonitinho. Em cinema tem Edith Head, com aqueles caminhões de Oscars que acumulava. Acho interessante esses trabalhos que ela fez com costureiros, o trabalho dela com Givenchy pra Audrey Hepburn, por exemplo, que é algo que eu gostaria de fazer, trabalhar com estilistas. E nem vou falar dos italianos porque aí é covardia!

Sabia que o novo “O Grande Gatsby” vai ter Prada no figurino?

As pessoas falam bastante do seu trabalho de figurino em novelas, mas você também já fez figurino pra cinema e pro teatro. Quais são as diferenças do trabalho do figurinista nessas outras plataformas?
Teatro, que eu continuo fazendo pelo menos uma vez por ano pra não enferrujar, é o que te faz entender o figurino, pra que ele serve. O público vê ao vivo e a cores, é mais difícil, mas é um bom exercício. No cinema é mais tranquilo, tem prazos maiores, é uma obra fechada, é menos alucinado. Só que o acabamento tem que ser mais preciso, não é que nem novela que o capítulo passa e pronto. Se estiver com uma gravata torta, vai aparecer a gravata torta no festival de Brasília, no festival de Gramado… (Risos) Mas quem consegue fazer TV consegue fazer tudo.

E o compromisso com o realismo, é diferente?
Com raríssimas excessões, o cinema e a TV são muito mais realistas que o teatro. No teatro, o sujeito da última fila tem que ver o que você fez, se tem um brinco ele não é do tamanho normal, tem que ser maior pro sujeito enxergar.

Curso de Figurinos para TV, Cinema e Audiovisual com Marília Carneiro
De 5/10 a 7/12, toda sexta-feira, das 19h às 22h
Espaço Patrícia Sauer: r. Lopes Quintas, 576, Jardim Botânico, Rio
Informações: (21) 3258-5900 / (21) 2523-6964
Preço: R$ 1.800 à vista ou 3 x R$ 650

Tags:                                                            

Compartilhar