Yes Logo: a logomania está de volta

20.01.2014

No meio da década de 90, auge do grunge, começou uma aversão por logomarca. Era a época do minimalismo, mas além disso os movimentos sociais antiglobalização contra o consumo desenfreado, de pegada bem esquerdista, começaram a ganhar muita força. Alguns dos saldos foram a Batalha de Seattle em 1999 (contra o encontro da Organização Mundial de Comércio organizado na cidade) e o livroNo Logo” lançado no mesmo ano (em português, “Sem Logo – A Tirania das Marcas em Um Planeta Vendido“), da canadense Naomi Klein. Moral da história: usar logo na roupa ultrapassou o cafona e pegava muito mal. Não se via mais as onipresentes camisetas da Calvin Klein e do Hard Rock Cafe.

FOTOS: camisetas que falam

Mas de uns anos pra cá a logomania tem ensaiado sua volta, encabeçada pela dupla Carol Lim e Humberto Leon, da Opening Ceremony e Kenzo. É bom esclarecer: sempre existiu camiseta com logo e gente usando, de Lacoste a Osklen. Só que agora a imagem da camiseta do logo voltou a ser um desejo fashionista. Blog LP levanta alguns dos possíveis motivos: o 1º pode ser a massificação via fast-fashion. Porque em matéria de roupa, as pessoas não precisam mais ir ao camelô e comprar pirataria – a fast-fashion traz a tendência da grife cara por muito menos, e a consciência de quem usa até fica mais tranquila, como se a cópia se justificasse pelo local onde você comprou… Mas e quem tem dinheiro pra comprar da grife em si, como faz pra “avisar” que a sua peça não é da fast-fashion? Simples: com um logo gigante em bordado de linha. Aproveita que o logo em si a fast-fashion não pode vender, né? E aí o funk ostentação pode ser a trilha.

Mas não é só na passarela que a tendência aparece, e aí que mora o “pulo do gato”. Um dos #teamlogo mais fervoroso é o… hipster. Ele, que no seu humor pra alguns refinado e pra outros brega, usa um boné da Texaco como se fosse um boné da Givenchy, com orgulho. Rato de brechó por excelência, o hipster acha o ápice do cool usar uma camiseta usada com uma logomarca, e ela nem é necessariamente de moda. Na lógica deles, mostra um descaso underground, meio primo torto do grunge (aquele que era uma resposta justamente ao mundo rico das marcas poderosas). É a piada que já virou clássica: “hipster ou mendigo?”.

E se a Miuccia Prada jogasse no seu time?

Esse streetwear-logo acabou ganhando estilistas especializados (vide Heron Preston, Peggy Noland e outros), e uma de suas maiores características é recontextualizar logos famosos, de preferência de maneira engraçada. Escapismo ou crítica? O que dá pra dizer é que os maiores fãs dessa tendência são jovens que nasceram justamente nos anos 90 e cresceram no contexto da globalização, enxergando as marcas como uma realidade bem estabelecida e brincando com elas, sem levar nada muito a sério. E aí, você vai aderir?

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