Fred Perry: moda, esporte e música

18.06.2013

Começou nas quadras de tênis, nos anos 40: Fred Perry criou um par de munhequeiras pra usar enquanto jogava. A ideia rapidamente se tornou febre e, em 1952, ele criava a 1ª camisa pólo de sua marca, facilmente reconhecível pelo bordado de folhas de louro no peito. Em 2013, porém – ano que a marca inaugura sua 1ª loja no Brasil, no Shopping Cidade Jardim – a história é outra. Confira na conversa abaixo, com o gerente de marketing da Fred Perry, John Flynn.

A marca começou com esporte, mas hoje se relaciona mais com música. Na sua visão, como esses 3 universos se relacionam?
Bom, é tudo um negócio pra gente. Então, pra entender, é preciso olhar pra trás. A Fred Perry sempre foi associada com a cultura de rua inglesa, com os diferentes gêneros de música inglesa também. E música, como você sabe, está sempre ligada com moda. Então, se você volta nesses momentos de formação das tribos musicais, percebe isso – tipo os mods nos anos 60, que eram ligados com certo tipo de música e isso envolvia se vestir de certa maneira. Veja o punk, por exemplo, ou reggae, ou ska… É um relacionamento bem tribal: quem se veste de tal maneira ouve tal música, as duas coisas vão juntas. Antes da internet era simples assim: você ia num lugar e reconhecia as pessoas pela maneira que elas se vestiam. E muitas dessas tribos adotaram nossa marca, ou somente nossa camisa pra vestir. Como aconteceu com outras marcas também – Vivienne Westwood e o punk, por exemplo.

E com a internet, o que você acha que mudou?
A internet destruiu essa relação! Antes você tinha que sair de casa, andar por aí e encontrar alguém num café que gostasse das mesmas coisas que você. E aí vocês comparariam suas dicas, sabe: o que você estava ouvindo de legal, onde vendiam as camisetas bacanas. Era uma comunicação em tempo real. Agora você pode ser um membro virtual – entra no Google, dá uma busca por imagens e decide que quer parecer com aquilo. É muito menos comprometedor. No dia seguinte, você dá outra busca e parece com outra pessoa. Há menos profundidade, acho. Pra mim, a beleza das tribos era encontrar com as pessoas e criar essa atmosfera de comunidade.

Camisetas pólo em profusão na Lilian Pacce Shop – confira!

Como você acha que vai ser a Fred Perry no Brasil?
Difícil (risos). Não posso chegar aqui e dizer: ‘Vamos nos tornar brasileiros’. Isso seria complicadíssimo! A moda e a música daqui são totalmente diferentes. O que posso esperar é encontrar os brasileiros cujo estilo já conversa com a Fred Perry, e que queriam um acesso mais fácil à nossa marca. Não acho que vamos ter um grande público aqui, mas acho que vai ser uma relação muito próxima.

Como seria seu consumidor brasileiro?
Seria como nosso consumidor inglês – é um perfil mais global, em que todos têm uma atitude muito semelhante em relação às coisas. Sempre arrumados, elegantes, com cabeça aberta – mais nesse tipo.

Vocês vestiam muitas bandas nos anos 90. Isso continua?
Sim – quer dizer, damos roupas pras bandas usarem, mas não as pagamos pra fazer isso. Estamos trabalhando com o The Specials, que se reuniram pra uma nova turnê mundial. Damon Albarn, do Blur, também está sempre com nossa pólo preta… Os caras dessas bandas típicas do britpop, com 3 guitarras e uma bateria, sempre usam nossas peças. Normalmente é o baterista. É uma marca de bateristas! (risos)

E o que você tem ouvido atualmente?
Ouço as mesmas coisas que sempre ouvi – blues, sou um superfã. Soul, r&b e variações disso. Como dizem umas pessoas da empresa, parei de escutar coisas novas no fim dos anos 70. Depois disso, tudo mudou demais pra mim.

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Conta um pouco das parcerias. Qual vai ser a próxima?
Nossas parcerias envolvem pessoas que naturalmente se relacionam com a Fred Perry. Raf Simons, por exemplo, quando era mais novo, usava nossas camisas – o mais próximo que um belga podia parecer com um mod (risos). E antes disso, fizemos uma parceria com a Commes des Garçons. Sendo uma marca de streetwear japonesa, e eles são parecidos com os ingleses nesse sentido de serem mais ousados e irem mais longe, mais loucos… funcionou. Não trabalhamos com moda só pela moda – isso é muito efêmero pra gente.

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