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O garoto-prodígio de Dior

09.03.2010

Moda andrógina, negras na passarela e as grandes marcas de prêt-à-porter não são nenhuma novidade, mas não existem desde que o mundo é mundo. O pioneiro tem nome e sobrenome, mas é facilmente reconhecido pela sigla YSL. Yves Saint Laurent é um dos maiores nomes da moda do século XX e não são poucos os exemplos de sua importância: ele abriu as portas de sua marca em 1966 – até então somente de alta-costura – para o prêt-à-porter de luxo, que move as maiores cidades do mundo em semanas de moda até hoje. Aprendeu tudo com ninguém menos do que Christian Dior, de quem foi assistente com apenas 17 anos e sucessor aos 21! Foi ele a promessa criativa pra salvar a marca da falência após a morte de seu fundador – e conseguiu, transformando em sucesso seu vestido trapézio.

Em 1962, após anos de Dior e com uma guerra no currículo – ele serviu o exército francês na independência da Argélia em 1960 – YSL abre sua própria loja com a ajuda do eterno parceiro Pierre Bergé. Após 4 anos, apresenta na coleção de verão o smoking feminino que virou clássico. Em 1968 veio a saharienne, fruto das inspirações étnicas do estilista, que ele criou pensando na África, China, Rússia, Espanha e em todo o universo das artes. O tubinho de 1985 levava na estampa a obra de Mondrian; Picasso, Van Gogh e muitos outros também foram homenageados por Saint Laurent em forma de roupa. Como admirador das diferenças, foi um grande incentivador do uso de modelos negras e asiáticas em desfiles – a 1ª negra na capa da “Vogue Paris” foi Naomi Campbell com uma forcinha de YSL em 1988.

Sua carreira foi marcada por grandes números – e foi assim também sua despedida. Em 2002, YSL anunciou a aposentadoria depois de altos e baixos na relação com a PPR, detentora da marca até hoje. O último desfile de alta-costura no Centro Georges Pompidou, em Paris, foi uma retrospectiva de 40 anos como estilista. Contou com 60 modelos no casting, teve 1h30 de duração e direito a gran finale, com a musa Catherine Deneuve cantando pra um Saint Laurent emocionado. Ele morreu em 2008, vítima de um câncer cerebral. No ano seguinte, o leilão com a coleção de arte da dupla YSL-Pierre Bergé bateu recorde, com R$ 897 milhões arrecadados, logo apelidado de “leilão do século“. O dinheiro foi transferido para a Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent, criada pelos 2 para manter o legado do estilista e financiar pesquisas sobre AIDS e eventos de arte.

Algumas das peças de YSL foram vistas pelos brasileiros no ano passado, em mostra no CCBB carioca, batizada de “Viagens Extraordinárias”, com curadoria da Fundação. Agora o público francês recebe a maior retrospectiva sobre o ícone, em seu Museu de Belas Artes – Petit Palais, em Paris.

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