Segredo de beleza de Marisa Berenson: “É um pacote completo”

12.11.2015

Um mito vivo: Marisa Berenson, que já foi chamada de “o rosto dos anos 70” por ninguém menos que Yves Saint Laurent e era uma das modelos preferidas da poderosa editora de moda Diana Vreeland está no Brasil, aos 68 anos, pra lançar sua 1ª coleção de joias com a Amsterdam Sauer. A gente conversou com ela no Skye, o bar que fica na cobertura do hotel Unique, onde ela se hospedou em SP, pra falar tanto sobre a coleção quanto sobre sua vida incrível, a qual inclui uma avó muito famosa (ninguém menos que a estilista Elsa Schiaparelli, rival de Chanel entre os anos 30 e 40), uma carreira prolífica de atriz e incontáveis capas de revista. Confira:

Você está aqui por causa da coleção da Amsterdam Sauer, queria que você contasse um pouco sobre esse convite.
Fui apresentada a eles no começo desse ano e já conhecia o trabalho da marca. Gosto do fato deles serem um negócio de família e já admirava o trabalho deles com as pedras e gemas. Acredito na energia das pedras e gemas…

É mesmo?
Sim, sou muito ligada nisso. E também amo criar joias.

Ah, então você já fez joias antes?
Não, não com uma joalheria, criei joias pra mim mesma! (Risos) Nunca havia feito algo pra uma empresa de joias antes. E amo as pedras brasileiras. Então tivemos essa ideia que eu amo, de um jardim do Éden surrealista.

Sim, e a gente percebe toques de Schiaparelli, sua avó…
Isso mesmo, os toques surrealistas dela, de Man Ray, Dalí. E é uma coleção divertida, queria que ela tivesse senso de humor. [mostra o anel com uma maçã mordida toda encrustrada] Adoro a simbologia da serpente, também, um ser que troca de pele, que se renova.

Veja também: o sutiã cheio de pedras preciosas da Victoria’s Secret

Sobre sua carreira como modelo: existiu algum editorial inesquecível?
Foram tantos! Impossível escolher um só. Mas era diferente, viajávamos muito, pra diversos lugares, com roupas e acessórios incríveis, e o cabelo, e a maquiagem… Não dá mais pra fazer isso hoje, tanto pelo custo quanto pelo perigo, não é mais seguro ir pra todos esses lugares onde já fui pra fazer editorial. Não há mais criatividade nem dinheiro pra fazer essas coisas hoje em dia, sabe?

Inclusive, não sei se você concorda, mas hoje os editoriais parecem um pouco sem personalidade…
Antes, da mesma forma que existia um estilo específico pra você se vestir em cada época, acho que a personalidade era mais valorizada. A sua individualidade, a sua liberdade de expressão – quanto mais criativo na maneira de se vestir, mais interessante você era. Hoje, apesar da gama de opções de estilos, parece que todo mundo quer se vestir igual, uniformizado… Acho estranho. Não entendo isso, não tenho a explicação, o motivo pra isso acontecer! (Risos) Você tem?

Talvez as pessoas sejam inseguras.
É possível. Preferem ficar seguras, parecendo com todos os outros, do que se destacar e serem observadas.

Veja mais: o livro-retrospectiva de fotos de Marisa!

Teve algum fotógrafo com o qual você trabalhou mais?
Trabalhei com praticamente todos os bons fotógrafos na época, mas fiz bastante coisa com o Irving Penn. Diana Vreeland gostava de nos colocar juntos, éramos o time dos sonhos dela. Ele era um homem maravilhoso, muito silencioso e respeitoso. Dentro do estúdio não havia música, tudo muito zen. Com ele aprendi a ter paciência, controle.

Você conviveu com Audrey Hepburn quando era pequena. Ela te inspirou depois, pra posar de maneira glamourosa como modelo e também na carreira de atriz?
Ela era meio que meu sonho! Queria ser como ela, me vestir como ela. Já muito pequena, a achava a mulher mais bonita do mundo. Depois, a conheci pessoalmente, estudei com a filha dela. Então cresci vendo-a. Acho que ela foi meu modelo de vida. Inclusive espiritualmente, com o bem que ela fez pro mundo com a Unicef [Marisa, por sua vez, é envolvida com a Unesco]. O jeito que ela levou a vida foi inspirador pra mim. E ela sempre foi muito humilde, simples e doce. Uma pessoa adorável.

Perguntamos sobre sua carreira de modelo mas também queremos saber sobre sua carreira de atriz. Então, qual foi o filme mais inesquecível que você já fez?
Todo mundo fala dos 3 que fiz no começo. “Morte em Veneza“…

Ah, sabia que vai ter uma exibição em SP de “Morte em Veneza” no domingo [15/11]?
Sério? Onde?

No MIS-SP!
Que ótimo. É um filme tão incrível, bonito… [O diretor Luchino] Visconti me deu essa 1ª chance. Ele foi meu mentor, a razão pra eu estar em filmes. Nem sabia se eu podia atuar, mas me deu um papel.

Mas você já queria ser atriz?
Sim, queria, mas nunca achei que isso poderia acontecer, nunca! E especialmente desse jeito, foi um presente incrível. Aí já fui direto pra “Cabaret“, que também é outro filme maravilhoso. Aprendi muito, Bob Fosse era um diretor bem diferente de Visconti, e fiquei muito amiga de Liza [Minnelli, a protagonista], foi uma época muito boa. E então, Stanley Kubrick me viu em “Cabaret” e me chamou pra “Barry Lyndon“. E depois, houveram vários diretores com os quais amei trabalhar, talvez não sejam tão conhecidos. Um dos últimos filmes que fiz foi “I Am Love” com Tilda Swinton. Trabalhei com todo tipo de diretor, americano, inglês, francês… Tem sido uma grande…

Experiência?
Vida. Uma vida muito rica.

Veja também: Karl Lagerfeld se inspirou em “Morte em Veneza” em desfile

Ouvi dizer que você tem uma alimentação especial, é verdade?
Sim, tenho um modo de vida holístico. Criei uma linha de beleza, inclusive, existe faz dois anos. Tem na Neiman Marcus de Beverly Hills e em spas, e ela é 100% natural. Isso serve pra promover um estilo de vida mais natural também, que tenho levado por todos esses anos desde muito pequena.

Por que você começou a ter esse estilo de vida? [Marisa não bebe e tem uma dieta bem rigorosa sem glúten e carne faz tempo]
Porque sempre estive a procura de bem estar, harmonia, de um caminho mais espiritual. Quando tinha 16 anos, já estava procurando por esse caminho. Fui pra Índia quando tinha 19, descobri meditação [e acidentalmente praticou meditação com os Beatles!], ioga, me tornei vegetariana, comecei a mudar. Prestei atenção em diferentes valores, pra mim foi importante pra construção do meu eu, pra me tornar uma pessoa saudável inclusive espiritualmente. E em um mundo que sempre foi bem diferente disso, o mundo da moda. Tive que encontrar um equilíbrio em mim, uma estrutura.

Esses produtos de beleza que levam seu nome, como foi o processo?
Começou muito cedo, porque encontrei um médico holístico que tenho consultado por toda minha vida e ele criou fórmulas pra mim que apliquei na pele por todos esses anos. Os produtos são o resultado disso. Quero transmitir essa experiência toda pros outros, dessas coisas que funcionam em mim, sabe?

Veja também: nova marca brasileira de beleza sustentável!

Então pra você o segredo da beleza é estar saudável e bem por dentro também, certo?
Obviamente você tem que cuidar de si, o que você come é importante, o que você põe no seu corpo; mas também é importante o que você pensa. Preste atenção no que você passa na pele, mas não se esqueça que é um todo. Você não pode separar. Beleza, bem estar: é um pacote completo. Tem a ver com tudo o que você faz na sua vida.

Tags:                                            

Compartilhar