Lilian relembra Betty Lago: “No auge do power dressing ela se sentia em casa”

14.09.2015

Quando comecei a cobrir moda para a “Folha de S. Paulo”, em 1987, Betty divava nas passarelas de Paris, especialmente para os grandes nomes da época como Thierry Mugler e Claude Montana. Muita ombreira, muito pivô na passarela, muito carão nas fotos. Era o auge do power dressing e Betty se sentia em casa.

Nossos encontros começaram aí. Depois ela foi morar em Nova York e eu em Londres. De volta para o Brasil, ambas passamos a nos encontrar novamente nos backstages: ela agora como apresentadora do “GNT Fashion” e eu como crítica de moda do “O Estado de São Paulo“.

Ríamos muito na eterna espera do início de um desfile ou das entrevistas pós-desfile. E eu ria da Betty com todos os anglicismos da moda da época, apresentando o “GNT Fashion” quase que bilingue, com aquela câmera – irrequieta como ela.

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Eis que um dia sou convidada a apresentar o programa que já não era mais dela. Possessiva e ciumenta, Betty rompeu à distância comigo. Entendi sua dor porque o “GNT Fashion” tinha sido a vida dela por quatro anos. Não reagi. Fiquei sem me pronunciar sabendo que o tempo é senhor da razão.

Anos depois, Betty voltou para o GNT na primeira formação do “Saia Justa“, destilando todo seu humor e seu fel. Com o “Pirei“, ela colocou no ar seu lado compulsivo e acumulador.

Já lutando contra a doença – às vezes ganhando, às vezes perdendo – Betty “reatou” comigo num almoço de fim de ano da “firma”. E voltamos a conviver alegremente. Gravamos juntas “Desafio da Beleza” e a convidei a estrear o quadro “Arrependimento Fashion” no programa, agora em 2015. Ela, com toda sinceridade do mundo, declarou que seu único arrependimento de verdade foi não ter ouvido o médico quando ele recomendou que tirasse a vesícula. E de cabeça erguida e raspada, voltou ao programa. Um beijo pra você, Betty.

Lilian Pacce, para o site do GNT no dia 13/09/15

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