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De mulher pra mulher

20.06.2011

Elas são da mesma geração da moda, há mais de 30 anos no mercado, e souberam traçar seu caminho com um risco muito próprio, facilmente reconhecível. As marcas Gloria Coelho e Huis Clos sabem com qual mulher elas falam – e falam de mulher para mulher, criando uma imagem mais realista do que, por exemplo, a dos dois grandes desfiles do dia anterior (Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch). E é interessante ver esse contraponto entre a mulher idealizada por uma mulher e a mulher imaginada por um homem. O homem põe a mulher numa situação de glamour e sonho. A mulher se vê no dia-a-dia, onde a sabedoria está em equilibrar o trabalho e a festa.

Yéssica MoriBackstage de Gloria Coelho

Com seu jeito de heroína de ficção científica, a mulher de Gloria Coelho tem um toque de X-Men com o futurismo dos anos 60. Ela se cobre basicamente com couro, mas pode bem usar plástico como recurso e brincar com a transparência da organza. No clima do eclipse de ontem, ela se liga nos astros e quer trazer a energia de cada signo para si, vestindo literalmente o zodíaco ou lembrando que Netuno está de volta ao signo de Peixes depois de 184 anos – e se Gloria diz que isso é importante, bem, acho melhor não duvidar. No filtro fashion de Gloria, as franjas hippies viram faixas de couro em vestidos minimalistas e o metal punk se transforma em bordado rico, sofisticado, no momento preto de um desfile com uma cartela de cores muito especial.

Na Huis Clos, as cores são quietas, a roupa é calma e a mulher é silenciosa. Tudo tão simples e tão preciso. Nesta limpeza de estilo, cada detalhe escolhido pela estilista Sara Kawasaki salta aos olhos, como os recortes dos tops blusê ou as franjas-xale que entram no vestido como se fossem um bordado em movimento. E é emocionante ver tanto cuidado com cada centímetro. A moda merece esta atenção.

Lilian Pacce, especial para o jornal “O Estado de S.Paulo” no dia 16/06/2011

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