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Do Brasil a Chanel: Vera Valdez

26.08.2009

O Rio está com uma exposição super especial! “Vera Valdez – O Sol da Maison Chanel” chega na Mansão Figner mostrando a história da manequim brasileira que encantou Coco Chanel e influenciou seu trabalho de forma direta e importante – como por exemplo no uso do vermelho em suas criações. Após o período de guerra, Coco conheceu Vera e elas começaram a trabalhar juntas. A trajetória da modelo no ateliê da estilista está ilustrada com fotos na exposição – que conta também com um vídeo de 15 minutos sobre a viagem de Vera de volta a Paris em 2009. O Blog LP fez uma entrevista exclusiva com Vera, que está no Rio atualmente: confira!

Sobre a expô
Ainda não vi a exposição, mas o catálogo está belíssimo. A mostra tem foco na minha relação com Chanel, em homenagem aos 100 anos do seu trabalho.

A história até Chanel
Uma vez um francês me perguntou se eu era manequim numa festa. Ainda era muito jovem, não sabia o que era isso. Minha mãe me levou a uma banca de jornal e me mostrou nas revistas de moda. Fiquei fascinada e decidi ir atrás disso, fui pra Paris com esse sonho. Quando cheguei na França, fui chamada pela maison Elsa Schiaparelli e comecei lá, depois fui para a Dior e em seguida Chanel.

Sobre o vermelho
Quando Coco me conheceu, eu vestia um casaco todo vermelho, de botões dourados, foi quando o vermelho chamou a sua atenção. A partir de então Coco começou a usar um pouco do vermelho nas suas criações. Hoje em dia não acredito haver uma cor que possa ser o novo vermelho, acho a moda muito mais teatral, tudo é muito visual, chamativo.

Diferenças das modelos de antes pras atuais
Sem dúvida, naquela época a função da modelo era saber como carregar um vestido no corpo. A elegância era fundamental e não a beleza da modelo. Hoje é business, as meninas sonham em ser modelos pelo dinheiro, pela fama e não pela elegância. São robôs, Barbies, todas iguais. A moda era composta de peças que serviam para as pessoas vestirem, não para se exibirem. Não dá para comparar o pensamento da minha época com o atual!

Sobre a família
Venho de uma família composta por jornalistas e artistas (do teatro e do cinema), os Barreto Leite. Meu tio era um grande jornalista e embaixador de política internacional, já minha mãe e minha tia tiveram uma forte importância no teatro brasileiro. Sempre fui próxima do teatro e quis atuar, mas o Brasil passava pela ditadura nessa época, o que me impediu de ser atriz. Não tenho nenhum arrependimento em ter sido modelo por um tempo, mas sim uma tristeza por não poder ter interpretado tantos personagens como poderia.

Sobre as fotos na “Trip” (que Vera fez aos 72 anos, apenas de calcinha, em 2008)
Já havia feito uma foto pra “Trip” quando estávamos com a peça “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Posamos de “vaqueiro fashion”. Mais para frente, a Trip queria falar de “longevidade” e pensaram em mim: “Só pode ser ela!”. Chamaram para um ensaio sensual e topei. Renderam 5 páginas de fotos com o tema “cabaré”. Não quis fazer algo simples como num apartamento comum. Tinha que ser Vera! Tinha que ter teatro!

Marcel BadanVera, em julho, no coquetel da exposição do Zé Celso

Hoje, Vera é do teatro. Após uma série de peças e filmes, prepara a segunda montagem do Teatro Oficina em homenagem a Cacilda Becker, “Estrela Brazyleyra a Vagar“, que estreia em breve. Pra ficar de olho!

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