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Alexander McQueen: desfiles eram show de emoção e tecnologia

15.02.2010

Ver uma marca morrer não é fácil para um fashionista. Mas ver um estilista tirar a própria vida no auge de sua carreira, na chamada flor da idade (40 anos), é um choque difícil de absorver. O mundo da moda perdeu o inglês Lee Alexander McQueen, que foi encontrado enforcado ontem de manhã em sua casa em Londres.

Nos últimos dias, McQueen demonstrou em seu twitter (@mcqueenworld) que não estava bem. Muito ligado à mãe Joyce, parecia não conseguir se recuperar da morte dela no último dia 3, e twittou: “Quero contar aos meus seguidores que minha mãe morreu. Se ela não pode me ter, vocês também não”. Em 2004 um jornal publicou uma entrevista feita pela mãe com ele. Joyce perguntou: “Qual é seu maior medo?”. E ele: “Morrer antes de você”.

ReproduçãoAlexander McQueenAlexander McQueen & Joyce, sua mãe

McQueen começou sua carreira com os tradicionais alfaiates da Saville Row, o que tornava seus ternos e tailleurs algo tão preciso quanto inventivo, e se formou na Saint Martin’s School em 92. Na época, a editora de moda Isabella Blow ficou encantada com suas criações, comprou toda a coleção de formatura e o lançou no mundo da moda. Coincidentemente, Isabella também se suicidou – há três anos.

Ontem, no primeiro dia da semana de moda de Nova York, haveria a apresentação de sua segunda marca, a McQ. Mas seu grande momento sempre acontecia na temporada de prêt-à-porter em Paris, onde ele desfilaria dia 9 de março.

Tive o privilégio de acompanhar McQueen desde o início, quando desfilava o melhor de sua alma underground em Londres, em garagens e locações alternativas. Seu universo imagético beirava sempre o macabro, sendo a caveira sua marca registrada por muito tempo. Seus desfiles eram verdadeiros shows de emoção e tecnologia, por ondepassaram mulheres-urubu, mulheres robóticas, bruxas, fadas e fantasmas (incrível a imagem em holograma de Kate Moss na passarela), seres grotescos enjaulados, personagens do filme “A Noite dos Desesperados”, uma homenagem à arte plumária indígena brasileira e até modelos transformadas em torre, bispo e cavalo – um desfile em que ele transformou a passarela num tabuleiro “vivant” de xadrez. Agora, xeque-mate.

Lilian Pacce, especial para o “Estado de S.Paulo” em 12/02/2010

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