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Fashionistas comentam morte de Clodovil

17.03.2009

ReproduçãoClodovil

Após a notícia sobre a morte de Clodovil, Lilian ligou para a redação. Ela comentou várias coisas: o jeans que ele lançou na década de 80, por exemplo, tinha como logomarca a bandeira do Brasil estilizada. Ou seja, ele já era nacionalista muito antes disso ser uma tendência da moda do país.

ReproduçãoO jeans do Clodovil

Uma das maiores lembranças de Lilian sobre Clodovil foi uma entrevista que ela fez nos anos 80 em seu ateliê na av. Cidade Jardim, para a “Folha de S.Paulo”. No final da entrevista, ele lhe deu um lenço de seda e pediu uma moeda em troca. Ela perguntou por quê. “Você não sabe, queridinha? Quando a gente ganha um lenço, tem que dar uma moeda. Senão a gente briga com a pessoa e eu não quero brigar com você”, respondeu. É uma superstição que ela nunca mais esqueceu!

Lilian ainda encontrou com Clodovil no SPFW em 2003 e eles ficaram conversando horas: “foi superfofo. Ele tinha a língua ferina mas, no fundo, era uma pessoa carente”.

Perguntamos para mais três fashionistas sobre a importância do estilista na moda brasileira. Confira:

Regina Guerreiro: “Em termos de realização, Clodovil fez modelitos extraordionários, tinha bordadeiras fantásticas. Problema é que pra tudo ele falava ‘isso eu já fiz, isso eu já fiz’… Escrevi no JT que ele tinha inventado tudo, que talvez ele também tivesse criado o manto de Nossa Senhora Aparecida! Ele ficou bravíssimo comigo. Acho que a roupa era superbem-feita, apesar de ele não ser tão importante quanto Dener. Que pena que a alma dele era tão difícil, né?”.

José Gayegos: “Um dos pioneiros, logo depois do Dener, o nome mais importante da moda de 60 e 70. Depois, com a morte do Dener, ele já começou a entrar para a TV e ficou mais famoso por esse meio que pela moda. Na verdade o Dener era mais atrevido, mais criativo – o Clodovil foi o Pierre Balmain da moda brasileira, fazia roupa romântica, usava flores, era minucioso no sentido decorativo. Ele vestia o pessoal de interior, mulher de fazendeiro, pessoas que não chegavam até o ateliê de Dener. Fazia uma mulher bonitinha, a Jolie Madame”.

Costanza Pascolato: “Conheci Clodovil num baile de carnaval de 61 com Maria Pia Matarazzo. Minha mãe já fornecia tecidos da Santa Constancia para jovens estilistas – com ele, não foi diferente. Nessa época cheguei a me vestir várias vezes com seus modelos e me lembro especialmente de um look estilo Givenchy de camisa justa com manga grande estilo Bettina e saia rodada. Ele não era estilista nem criador – era costureiro de alta moda, com bom gosto. Acho que a grande contribuição dele para a moda brasileira é que, mais que um estilista, ele era um grande comunicador que se utilizou da TV. Era uma Gloria Kalil da época, só que mais escrachado – eu adorava! De uma certa forma, ele levou informação de moda para outras classes sociais. A classe média copiava o que ele falava, levava para a costureira do bairro – ele fez esse serviço”.

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