Fabio Costa: do Project Runway para a Alphorria!

04.02.2019

O estilista Fabio Costa, que participou duas vezes do reality Project Runway, acaba de lançar uma coleção-cápsula em parceira com a Alphorria. São 13 looks inspirados nos 30 anos da marca de Edna Thibau! Fabio trabalhou um shape mais orgânico e todos os tecidos são de reaproveitamento de sobras da fábrica! Lembrando que o desfile da marca dele, a NotEqual, no Minas Trend deu o maior ibope aqui no site! A gente conferiu o lançamento e conversou com o Fabio! Pra ver mais detalhes da coleção é só clicar na foto!  

Conta sobre esse projeto com a Alphorria!

Eu recebi um convite da Alphorria pra ir à fábrica, sem pretensão alguma. Ao final do tour, a gente entrou no estoque de tecido e eu falei: “Nossa, tem muito tecido aqui, vocês deviam fazer alguma coisa com isso”. E eles responderam que era por isso que eu estava lá! Eles me deram liberdade pra entrar no estoque e escolher o que eu gostasse, passei horas e horas lá. Mas também fui estudando o livro de comemoração 30 anos da Alphorria pra chegar na essência da marca. Descobri que eles trabalhavam com moulage, assim como eu.  Então essa era a nossa linguagem! Por mais que o conceito seja de sustentabilidade a gente não quis deixar o design de lado. Feita a seleção de materiais, comecei a pesquisar [formas] organicamente, bem gestual, experimentando o tecido no manequim, aproximando cada vez mais o corte ao corpo. Foi aí que comecei a aceitar mais a mulher Alphorria, porque minha marca é sem gênero, minha roupa não tem tamanho, trabalho muito a questão do oversize.

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O seu desfile no Minas Trend foi um dos mais acessados no site, como foi desfilar lá e pela primeira vez no Brasil?

Voltei para o Brasil no final de 2017. Por uma conjunção dos astros, conheci o Pedro Lázaro que era o curador do evento. Levei algumas peças na casa dele e ele falou “olha, não consigo te garantir mas você vai estar na próxima edição”.  Eu morava há 12 anos nos EUA e falei “tudo bem, vou voltar pro Brasil”. Abri mão de tudo por lá e voltei em fevereiro de 2018 com foco no Minas Trend e com a missão de me reencontrar nas minhas raízes, voltar pra perto da minha avó. O convite acabou sendo um peso, porque eu não sabia como o produto ia ser aceito no mercado. Sofri (e chorei) muito! Só na metade do processo, quando faltavam duas semanas pra finalizar a coleção, eu entrei no automático! Foi quando surgiu uma sensualidade onde eu posso injetar muito dessas questões de gênero e libertar o corpo. Consegui levar isso pra coleção, tinha muita amarração, muita dobradura, era muito etérea e feminina – mas não era o resultado que eu tava esperando!

Qual foi a maior diferença entre desfilar no Minas Trend e na Casa de Criadores?

Acho que a questão da essência do evento. O Minas Trend é um salão de negócios, então tive a preocupação de fazer uma coleção que viraria produto. A Casa de Criadores é experimental, então foquei só no conceito. Foi ótimo porque eu trouxe os vestidos, as peças femininas, do Minas Trend mas explorando a questão do gênero.

O fato de você trabalhar bem sob pressão tem a ver com sua participação no Project Runway?

Acho que sim! Me formei em 2006 e fui pra NY fazer um curso de moulage na FIT, que eu acabei não fazendo. No Project Runway eu aperfeiçoei minha técnica de moulage, porque não tem tempo, você não pode voltar atrás e recomeçar! Você tem 8 horas pra fazer um look. Então você tem que acreditar na história de primeira e não questionar tanto o processo. 

O oversize chic da NotEqual de Fabio Costa, o ex-“Project Runway”

Como foi conhecer a Hedi Klum?

Como eu posso falar isso sem parecer uma pessoa cretina… Ela não é minha favorita e eu não fui o favorito dela (risos)! Sou ariano, com ascendente em Escorpião, filho único, criado com a avó. Então eu bato o pé, se não gostou eu quero saber porque! E quando ela vinha questionar dizendo “ai eu não gostei da cor”, pra mim não era suficiente! Então a gente teve muitas brigas, nenhuma foi ao ar, porque ela vinha criticar uma questão emocional e eu rebatia!

Quem foi a pessoa que mais te marcou no programa?

Eu fiz Project Runway e fiz All Stars. Dessas duas experiências, acho que foi a Nina Garcia na original, quando briguei com a Hedi no episódio que decidia quem ia pra final e o tema era a vanguarda. Eu fiz um casaco roxo que virava de cabeça pra baixo e ela falou, “olha, me deixou triste”, e eu disse “se te fez triste, te fiz pensar, então meu trabalho aqui tá feito”. Ela falou “você tá me chamando de burra?” – aí a Nina Garcia levantou da cadeira dizendo “não, a gente pediu pra fazer vanguarda e isso é vanguarda”! E olha que a Hedi é a produtora, então a Nina foi contra a chefe dela pra me defender – e defender a proposta do programa. Isso nunca foi ao ar, mas esse amor eu nunca perdi por ela!

Conta alguma história que rolou por trás das câmeras! 

Já que eu já contei a da Nina, vou contar do Michael Kors! Ele é muito ácido nas câmeras, mas atrás da câmera ele é muito mais! A gente fica atrás de um tapume esperando a deixa pra entrar na passarela e ser julgado – e dá pra ouvir tudo que eles comentam. Ele falava “vocês viram aquilo, que lixo”. Ele deu nome de drag pra várias pessoas e a gente lá atrás escutando, sem poder reagir!

Você conheceu alguém por lá que era seu sonho?

Ru Paul! A gente não pode ter um contato com eles antes da passarela mas ficamos no mesmo set. Quando entrei no set e vi que era Ru Paul, eu tipo assim, dei um faniquito e empolei por baixo do braço inteiro – a produção teve que me tirar de cena pra eu falar com ele porque eu não estava conseguindo acalmar! E foi incrível! Perguntei por que ele tava de Ru Paul e não de drag e a resposta foi “querida, não me pagam o suficiente pra eu botar salto!” E eu falei, a pessoa é real!

Vai ter marca brasileira desfilando na Semana de Moda de NY!

Você chegou na final duas vezes, qual a sensação?

É uma validação muito grande, porque são 9 semanas direto de gravação sem pausa e você tem 8h no dia e 2h antes da passarela. Quando você chega lá,  já tá estafado, sem energia, sem ideia… Então é um momento muito bom, quando você tem a liberdade de mostrar a coleção em si. Mas é aquela coisa: cheguei muito perto mas não ganhei – eu senti o cheiro mas não o gosto!

Qual foi o desafio mais difícil?

Nossa, acho que foi fazer roupa pra bebê! Não pelo conceito, mas pra fazer mesmo. Fazer prova de roupa em um bebê de um ano e três meses com a mãe, alfinete, tesoura… Minha mão tremia, sabe?

Qual peça que você fez durante o programa é sua favorita?

É um macacão que amarrava na frente, rosa blush na frente e preto nas costas, com uns cortes. Pra passarela ele realmente veio com muita informação, mas agora ele vem recriado na coleção da Alphorria, com a essência do design! É um shape que eu amo! É oversize mas ajusta bem ao corpo!

Quais são os planos pro futuro?

Tudo isso traz uma projeção muito boa, mas é uma pressão grande também! A maior meta é desfilar no SPFW e pretendo começar a fazer uma produção pequena! Vai ser uma coleção de 5 a 10 peças, a primeira produção da NotEqual e eu to muito empolgado! Hoje trabalho apenas com uma costureira: eu monto a peça no manequim e ela costura! As peças são únicas e sob encomenda, e o mercado pede uma produção. Também estou em contato com um penitenciária feminina de BH, que já tem uma facção dentro. Minha ideia é contratar essa mão de obra, estudar acabamento com elas, montar um glossário tipo um livro de acabamentos, pra que elas possam entender e elevar o nível da produção. 

 

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