Categorias: Editorial Moda

Com vocês: os menines!

02.04.2009

Tudo começa e acontece na noite – a escuridão noturna aceita a novidade com mais facilidade. Os menines (um híbrido de menino e menina) se vestem com misturando características femininas e +: do unissex dos 70, eles pegam o hedonismo; dos andróginos 80, pinçam a montação; dos clubbers dos 90 trazem a individualidade; e dos anos 00, a total cisão das convenções nos papéis sexuais. Tudo isso calcado na tecnologia. Nossos entrevistados, todos com menos de 25 anos, acessam internet todo dia, têm perfil em sites de relacionamentos, pesquisam sobre moda e ficam sabendo de festas e músicas pela web.

Nenhum deles consegue explicar seu estilo com clareza. “Um mix de coisas” é o termo mais utilizado e um ponto em comum é a adoração por moda: todos acompanham desfiles, revistas e sites, muitos trabalham no meio e se inspiram nas passarelas de nomes como McQueen ou Balenciaga.

Quer uma prova? Coleções masculinas de marcas como YSL, Prada e Ralf Simons (e por aqui Herchcovitch e João Pimenta) já discutem esse “mix de coisas”, um novo comportamento feminino X masculino. Saias (Marc Jacobs de kilt), leggings, brilhos e tecidos finos como organza e seda migram do guarda-roupa delas para o deles.

“As pessoas estão mais livres para experimentar quem elas são ou gostariam de ser”, filosofa Christopher Alexander, 24. Prova disso é a quantidade de menines vistos em festas pelos centros urbanos. “Vi pela internet que estava voltando a vontade de se montar na noite”, conta Alê Brito, 23.

Aqui, a festa “Vai!” (que tem o blog Freakstyle) virou a celebração dessa nova turma. Cada edição mensal, que acontece no Clube Glória em SP, reúne mais de mil pessoas e propõe um tema. Já teve a Rica, a Demônia e a última foi Futurista.

É neste ambiente festivo que os menines mais exercitam seu estilo. “De dia não tenho cabeça nem tempo de me preocupar com o visual, mas à noite chego a ficar até 2 horas escolhendo roupa”, conta Leon Gurfein, 18. “Quando me visto, a roupa não tem sexo, não penso se é de mulher ou homem, uso o que me dá vontade. Meu objetivo ao me vestir à noite não é ficar bonito ou bonita e sim passar uma imagem forte e fashion”.

Sem rótulos

“Quando compro roupa olho os dois lados da loja, o de mulher e o de homem”, diz Marcelo Lasco, 18, que quando usava cabelo comprido era sempre confundido com mulher. E pensa que a procura pelos dois gêneros se dá só nas roupas? “Transo com mulher e com homem, não gosto de rótulos”, Leon afirma. Outros se definem como gays, mas não descartam a possibilidade de ficarem com meninas e avisam que possuem muitos amigos heteros que também se montam!

A psicóloga Talita Rodriguez, especializada em psicologia da adolescência, aponta a diferença entre antes e agora: “As pessoas estão mais livres pra viver e experimentar, principalmente na idade deles, onde escolhas e curiosidades estão em alta, sem rótulos. É diferente de antigamente, quando se vestir ou se comportar como o outro sexo era comportamento de um gueto homossexual. Hoje isso não existe mais, o gueto não existe mais – ele está na internet e não tem mais nenhum propósito militante”. Sem barreiras pré-definidas. Bem contemporâneo.

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