Collete, o templo do consumo em Paris

24.11.2003

Dizer que Paris é chic é até redundante. Sinônimo de luxo, tradição, moda, gastronomia e bem viver, Paris também tem seus redutos de modernidade e o meu favorito é o templo de consumo chamado Colette – assim, homônimo da escritora francesa do final do século 19.

A Colette fica numa esquina da rue Saint Honoré (não confunda com o faubourg Saint Honoré) e desde que inaugurou, em 1997, é minha parada obrigatória na cidade. Minha e de fashionistas do mundo todo que durante as semanas de moda (alta-costura em janeiro e julho, prêt-à-porter em março e outubro) batem literalmente o ponto na Colette para conferir suas prateleiras, que incluem móveis, objetos, papelaria, produtos de beleza, livros, DVDs, revistas e, é claro, moda – muita moda. Tem também gadgets eletrônicos: o iPod é a sensação hoje e na Colette ele pode vir com a capa mais incrível do mundo, criada especialmente pela Goyard, a tradicional marca de malas francesa, que é a preferida de Karl Lagerfeld e faz a Hermès e a Vuitton pareceram populares. Música lá é tão importante que a cada temporada (de seis em seis meses) a Colette lança um CD com títulos escolhidos pelo DJ Michel Gaubert que viram hit imediato.

Este lugar, criado por uma mãe e uma filha que queriam reunir num só espaço tudo o que elas amavam, adota o termo “select store” em vez de “concept store”. Foi ali que eu descobri a radical marca alemã Bless. Foi lá que eu vi primeiro um cardigã de tweed Chanel que só chegou à própria loja da Chanel quase um mês depois.

Ao lado de novíssimos nomes, os maiores criadores e as melhores marcas elegem a Colette para lançar itens em primeira mão, criar linhas exclusivas (como os modelos de tênis da Nike, Adidas, Puma ou Converse, que a gente só acha ali) e aceitam até participar de lançamentos coletivos, como o da série de trench-coats pretos interpretados por Prada, Véronique Branquinho e Yves Saint Laurent, entre outros. A próxima empreitada do gênero vai ser sobre a básica camiseta brancaChloé e a dupla Viktor & Rolf estão entre os nomes selecionados para esta edição exclusiva de série limitadíssima que será lançada em fevereiro.

Além de roupas, bolsas, jóias e sapatos, a Colette tem uma pequena galeria onde expõe arte e fotografia de vanguarda, numa agenda cultural que se renova todo mês – rápida, foi a primeira a mostrar Davide Sorrenti, fotógrafo-símbolo da estética heroína-chic dos anos 90, logo após sua morte prematura. E Vavá Ribeiro é o único brasileiro que já expôs lá.

No subsolo, há um restaurante tipo refeitório, com mesões comunitários e comidinha gostosa. Mas em vez de carta de vinhos, a Colette propõe uma carta de águas minerais do mundo todo – são cerca de noventa tipos provenientes das mais diversas fontes. Cada vez que eu vou lá, experimento uma – e compro a minha preferida, seja pelo sabor, seja pelo design da garrafa. E para não perder o espírito esportivo, elas acabam de lançar seu primeiro perfume: Eau de Colette, contração do “eau de cologne” com “eau de toilette”.

Lilian Pacce

Tags:                                                                                          

Compartilhar