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Calvin Klein, das campanhas polêmicas ao segredo da cueca!

25.11.2011

Jorge WakabaraKevin Carrigan, o diretor de criação da CK

Os fashionistas brasileiros sabem que na Calvin Klein Collection existe um mineiro chamado Francisco Costa responsável pela criação daqueles vestidos lindos que aparecem nas passarelas da Semana de Moda de NY. Mas também existe o inglês Kevin Carrigan: ele é diretor global de criação da CK Calvin Klein, Calvin Klein Jeans e Calvin Klein – ou seja, o responsável por tudo o que não é da Collection! Kevin vem bastante pro Brasil, e dessa vez a ocasião era especial: uma festa de lançamento da linha de roupas CK One (sim, o mesmo nome do famoso perfume), direcionada pra um público mais jovem, em parceria com a MTV e com direito a show de Sky Ferreira! Blog LP aproveitou a oportunidade pra conversar com Kevin sobre as campanhas sensuais polêmicas (confira algumas na galeria), o segredo da cueca da marca e mais – confira!

O seu trabalho e o de Francisco Costa conversam? Você precisam combinar a criação?
Não, inclusive estamos em andares diferentes da empresa! Acho que no fim acaba combinando porque ambos continuamos traduzindo a estética Calvin Klein que existe na marca desde o começo.

Como você traduziria a estética da Calvin Klein em palavras?
Minimalismo, simplicidade, pureza e forma. É sobre criação pra geração de cada momento, pro hoje, e também é olhar pro futuro. Essa estética tem sido tão forte, desde sr. Klein até a gente. Eu e Francisco pegamos essa história de anos e somos inspirado por ela, e a levamos pra frente. Trabalho lá faz 12 anos, Francisco há 10, e sempre trabalhei no universo do jeans na CK, e Francisco trabalha especificamente na linha feminina. Claro que existem temporadas nas quais a gente é inspirado por coisas similares. O resultado é diferente porque o produto é muito diferente [em cada linha]. Mas a gente socializa, somos amigos. Estive com ele aqui no Brasil recentemente quando ele veio pro seminário [o Hot Luxury].

Você falou no minimalismo, mas existe uma marca registrada na Calvin Klein – me corrija se você não concordar – que é o sexo.
Sim, que eu uso muito. [Risos] Acho que a história do jeans tem sido sobre autoexpressão, seja com os punks nos anos 80, ou nos anos 70 na Califórnia – amo essa história, acho fantástica. E o que eu gosto é que é uma peça só, são cinco bolsos. Pra mim, o melhor jeito de mostrar essa uma peça é… estar pelado. [Risos] Num jeans você quer ver um corpo bonito, o formato de uma bunda bonita. Sempre acho sexy quando homens e mulheres estão de jeans, porque acredito que exista uma liberdade de expressão, no jeito que se usa a peça, no jeito que a interpretam no look, e eles sentem confiança. Pra mim, alguém confiante fica sensual.

Vocês foram censurados em campanhas.
Sim, em alguns países. Lembro de uma campanha da Gold X com Lara Stone, era ela com 6 rapazes usando um jeans dourado. Naturalmente, Lara de dourado virou o foco da campanha, por causa do produto. Foi censurada na Austrália.

O que eles alegaram?
Disseram que eram muitos homens com apenas uma mulher…

… Ah, tipo: isso é orgia.
Sim. E outra campanha que fizemos com [Steve] Meisel em LA, em uma casa, com 20 moças e rapazes todos em um sofá, deitados juntos, essa também teve que ser tirada de um outdoor em Soho [em NY]. A gente nunca parte do princípio que queremos uma campanha chocante, nós queremos mostrar o produto, tudo começa por ele. O assunto é o jeans, o caimento dele, a lavagem, o que queremos falar a respeito dele – começa com o design do produto. E aí: quem vai ficar melhor nele? Quem vai usá-lo? Pode ser a Eva Mendes, porque aquele jeans específico tinha a ver com o caimento com curvas; ou na nova linha CK One, com um grupo superjovem que interpreta o jeans a sua maneira – eles não querem usar o jeans como a mãe ou o pai deles. É desse jeito que a gente começa, e pode acabar em uma campanha polêmica mas é um processo natural.

Então vocês não dizem, por exemplo: “Oh, chega, esse é o limite”. Não há um “limite”.
Não, de forma alguma. Não há limites pro produto quando o crio, e não há limites em como posso fotografá-lo, ou de qual maneira você pode não apenas fotografá-lo mas como posso atingir o cliente. Como no caso da CK One, que é a maior campanha digital que nós fizemos.

Aliás, queria saber qual é a preocupação da Calvin Klein hoje com a divulgação em internet, mídias sociais – a campanha da CK One tem elementos digitais inclusive na direção de arte, né?
Bom, nós sempre procuramos estar na linha de frente em campanhas e no jeito que a comunicamos, especialmente em jeans e underwear. Por volta de 1991, Calvin fez uma campanha em que você podia mandar um email pras modelos…

Em 1991? Email? [Risos]
Exatamente, era bem avançada. Foi uma campanha muito bonita, o nome de todas as modelos aparecia e você podia mandar email pra elas pra falar sobre os produtos – e super pré-Facebook. Foi um sucesso, mas não do ponto de vista do uso do email porque naqueles dias ninguém tinha um, e ninguém tinha iPhone ou Blackberry!

Voltando pro clássico: qual é o segredo da underwear da Calvin Klein? Aqui no Brasil, por exemplo, meus amigos acham que comprar uma cueca Calvin Klein é quase como… comprar uma bolsa da Prada!
[Risos] Eu amo essa analogia! Escreve isso no artigo! [Risos]

Mas enfim, qual você acha que é o segredo?
Bom, acho que tudo começa com o produto mais uma vez. Em 1º lugar, existe a modelagem que é muito sensual. Em 2º, a inovação em tecido, nós não usamos apenas algodão. Misturamos com microfibra. A gente trabalha com muita pesquisa no caimento e nas inovações tecnológicas do tecido. E aí acho que existe a definição olímpica, clássica, de um corpo bonito que sr. Klein resgatou, baseado no atletismo, no movimento do corpo. Esse underwear é algo que você sente por baixo da roupa, mas pela perfomance do produto, parece na verdade que você não está usando coisa alguma. Acho que isso é muito sexy de fato, especialmente se você é um homem fazendo exercícios esportivos. O peso do tecido é muito leve.

Então não é só marketing, é pesquisa também.
Não é só marketing! Acho que uma coisa que um monte de gente ainda não entende é que CK sempre foi produto, produto, produto. É design pra geração daquela época específica: como é a vida deles, o que eles fazem, pra onde vão e como nós, estilistas, criamos roupas que combinam com seu estilo de vida e fazem você ficar sexy. E fazem você levar alguém pra cama. [Risos] Quem não quer ir pra cama? [Risos]

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Queria saber também sobre as musas da Calvin Klein.
Temos muitas! Agora temos a Lara Stone. Todo rosto da marca é um processo natural também. Lara 1º entrou na campanha de beleza da CK, aí entrou na de jeans, e aí foi pra CK One… Então no começo ela ainda era bem novinha, e nós todos gostamos da sua expressão, da sua individualidade, do espacinho entre os dentes. Ela é peculiar, quase um garoto mas ao mesmo tempo uma bombshell, com um corpão, uma contradição pela qual eu e o time da CK tem muita atração. E também é uma camaleoa, aparece de um jeito diferente em cada campanha de cada linha. Tem algo de atriz nisso. Todas as modelos com as quais trabalhamos tiveram esse processo: elas começaram devagar e crescerem, e quando a conexão com a marca funcionou elas viraram musas. E é o mesmo com Natalia [Vodianova], com Kate Moss, com Lara… São mulheres que podem capturar a essência de cada linha, como atrizes maravilhosas na frente das câmeras.

E tem alguma tendência na Calvin Klein em jeans pra agora, uma novidade quente?
Nós estamos trabalhando bastante com cores, com color jeans, é algo que não exatamente faz parte da característica da CK a princípio, estamos começando a trabalhar com muita cor. Tenho trabalhado também numa novidade em lycra, é a power strech lycra de alta densidade. Quando você toca esse tecido, ele é extremamente macio, parece que você está usando uma segunda pele. É tipo uma jegging mas molíssima, mais leve. Deve chegar nas lojas do Brasil na próxima estação.

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