Maria Chantal enaltece autoestima da comunidade negra – vem ver!

19.11.2016

A angolana Maria Chantal se considera muitas coisas: estilista, designer (de formação), modelo, ilustradora… Cansada de sofrer com o racismo, ela buscou exorcizar isso de alguma forma: criou a marca Maria Chantal, que tem, entre seus produtos feitos à mão, turbantes e camisetas com frases como “Duro é seu racismo” e “Cabelo crespo é lindo”. Com estampas étnicas incríveis e muito respeito à sua cultura, Maria Chantal contou um pouquinho mais pra gente da sua marca! Dá uma olhada:

Seu trabalho é muito importante em questão de representatividade. O que te inspirou pra criar a marca? 
A inspiração veio da necessidade de externar todo o repúdio ao racismo diário que sofria. Na época em que comecei a idealizar e criar a marca, estudava design gráfico em Ipanema, na zona sul do Rio. Por causa da minha estética inegavelmente negra, passava por cada situação que comecei a pensar em formas de lidar com isso, por o dedo na ferida e denunciar o racismo da forma que podia. Era uma forma de me ajudar e ajudar meus amigos também.

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Que conceitos gostaria de abordar com a marca?
A primeira missão é valorizar a autoestima negra a partir do conhecimento da nossa própria história. Mas tenho a missão de fazer tudo isso de forma ecológica, tenho em mente que meus ancestrais sempre tiveram uma relação com a natureza de muito respeito; me esforço e corro atrás pra reciclar tudo o que seria considerado lixo e ressignificar. Não uso sacolas de plástico, por exemplo, ou utilizo tecidos doados de marcas de outros empreendedores pra fazer as sacolas de tecido, ou uso papel, que é biodegradável. Com as sobras das peças customizadas faço os chaveiros ou outros acessórios. E no momento estou estudando fornecedores de matérias-primas que também sejam sustentáveis.

Conta pra gente uma pessoa que adoraria ver usando uma peça da sua marca!
Adoraria ver Lázaro Ramos e Taís Araújo vestindo uma blusa minha. Seria lindo.

Quais são os planos pro futuro?
Os planos são passar a vender presencialmente em SP e Bahia. E ter um ou uma ajudante, gerenciar tudo sozinha às vezes é bem complicado.

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E sobre apropriação cultural? Qual é a sua posição sobre o assunto?
Acho um assunto muito delicado, precisa de uma conversa acompanhada de estudos, muito aprofundada, sobre respeitar a cultura alheia e de como é possível admirar sem usar. Vivemos em uma sociedade que aprendeu a não respeitar cultura. Onde tudo teve que virar produto, até coisas sagradas e que tinham um significado profundo. Tudo virou apenas produto. Digo apenas que busquemos sempre respeitar a cultura alheia e entender que podemos admirar sem usar, e quando persistir o uso, veja se não está ofendendo ninguém ou tirando todo o significado daquilo. Muita coisa nessa sociedade foi apropriada, parece fazer parte do costume do colonizador pra desvalorizar a cultura que ele está colonizando. Dessa forma ele mostra ser “superior”.

Maria Chantal: lojamariachantal@gmail.com

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