Pela 1ª vez tive a experiência de comprar luxo no fast-fashion. Ontem a coleção da Marni chegou às lojas H&M e resolvi me aventurar aqui em Paris. Esperei passar o 1º horário, quando os loucos por Marni ou os oportunistas do “eBay” fazem fila antes da loja abrir pra comprar praticamente no atacado. Cheguei 11h30 e a 1ª fila, na rua, andou rapidamente. Pra minha surpresa em 5 minutos eu já estava dentro. Mas não era tão simples assim: escondida no fundo do andar de baixo, havia outro cercadinho para ter acesso a coleção feminina em si. De repente o vendedor gritou pros que já estavam dentro: tempo esgotado, todos pra fora! Parecia um rebanho: uns saindo, outros entrando. A permanência máxima autorizada pelo pastor do rebanho era de 15 minutos. Pegar ou largar. A francesa ao meu lado disse: ‘Pas possible! Não se compra uma roupa em 15 minutos! É preciso provar, refletir…’ Achei tão lindo o comentário, esse respeito pela moda, pela criação e, claro, pelo próprio bolso. Mas o fato é que as pessoas pegavam as peças sem nenhuma reflexão, pressionadas pela urgência consumista imposta.
Quanto a mim, fiquei entre o alívio e a decepção quando a vendedora disse que as 2 peças que eu queria já tinham acabado. Mesmo assim tentei garimpar outras coisas e encontrei 2 ou 3 que devem fazer meus amigos felizes. Já na ala masculina tudo acontecia mais naturalmente: nada de cercadinho, nada de urgência. Em pleno Dia da Mulher desejei ser homem – e ri de tudo isso. Às 5 da tarde, andando por outra rua, vi uma loja H&M sem fila na porta. Entrei rápido, como se estivesse numa missão secreta e ninguém pudesse descobrir. Cheguei na área da Marni e só achei 2 araras de roupa, recheadas com a blusa de vinil e malha. Perguntei: onde está o resto? E o vendedor respondeu: ‘tarde demais madame, as mulheres invadiram a loja de manhã e levaram tudo!’.
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