Karmen, a marca slow fashion que olha pras ruas!

09.10.2016

A Karmen é uma daquelas marcas incríveis que te faz pensar duas vezes ao dizer que a moda sustentável é chata e entendiante. Pra criar, Mariana Lombardo – fundadora e diretora criativa da marca – não se liga a tendências nacionais ou internacionais. Ela prefere olhar pras ruas, pra moda masculina contemporânea, pra arte e chega a se questionar “se as tendências de moda ainda existem”. A empresa tem menos de um ano (foi lançada em março de 2016!) e foca no segmento do slow fashion. Acompanhe a entrevista que fizemos com ela abaixo!

Como surgiu a ideia de criar a Karmen?
Depois de trabalhar por 14 anos em confecção e presenciar todas as grandes transformações nesse mercado, principalmente ligadas à produção das roupas, percebi que a moda se esvaziou de seu verdadeiro significado. Considero a moda uma ferramenta de expressão individual, mas hoje, com o sucateamento das informações a gente vê muitas marcas produzindo praticamente o mesmo produto em larga escala. Além disso, quando se pesquisa um pouquinho os bastidores da indústria da moda atual, a gente se depara com um cenário apocalíptico. Há muito abuso e desrespeito ao meio ambiente e às pessoas pra produção rápida e barata do fast-fashion, e do “fashion não tão fast” também! Resolvi que não queria mais dar a minha contribuição pra esse cenário. O meu último trabalho foi em uma grande empresa têxtil e lá me deparei com números muito consideráveis de matéria-prima que fica parada. Vejo muito potencial em tecidos que o mercado não quer e acho perfeitamente possível criar um produto desejável e de qualidade com esses tecidos.

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Qual é a maneira que você encontrou pra tornar sua marca mais ética no mercado de moda atual?
A Karmen produz a partir de tecidos estocados ou matéria-prima de reuso. A marca se dispõe a utilizar tecidos que estão esquecidos por aí. Uma empresa parceira é a Follmann, com tecidos parados que, se não fossem usados, iriam estragar. Eles me vendem o que têm e ambos ficamos felizes. Uso o algodão orgânico e estou começando também uma pesquisa de novos materiais que sejam sustentáveis pra somar aos tecidos de estoque. Aliado a tudo isso, procuro praticar um relacionamento ético e justo com todos os fornecedores, sem intermediários e sem a prática de comissões, algo que é muito comum nesse mercado e que acaba contribuindo pro preço final do produto mais elevado, espremendo o valor do trabalho de quem é mais vulnerável.

O que é o slow fashion pra uma marca como a Karmen?
É um modelo de negócio que dialoga com os desejos das novas gerações. Consumo acelerado e sem significado é uma coisa do passado, super século 20. Aos poucos, noto que mais e mais pessoas estão achando cafona o consumismo desenfreado. Slow fashion é a produção feita dentro do tempo real em que todo os seus processos estão inseridos, sem prazos humanamente impossíveis, com ética e respeito a todos os envolvidos.

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Quantas coleções você faz por ano?
A Karmen foi lançada em março, então não temos nem um ano! Mas o conceito de coleção também não se aplica à marca. Desenvolvemos e produzimos de acordo com o fluxo de tecidos. A criação parte da matéria-prima. Não temos uma cartela de cor fechada ou mesmo um tema… Enfim, esse conceito redondo de coleção não existe, estamos tentando criar uma nova maneira de produzir! O modelo de trabalho que estamos acostumados dentro da moda também deve ser atualizado. Tivemos um primeiro lote de desenvolvimento e produção em março e agora reproduzimos algumas modelagens já aprovadas em novos tecidos, e o resultado foi completamente diferente.

Com quem você faria uma colab?
Com os irmãos Smith (Willow e Jaden), com a FKA Twigs e com os artistas brasileiros Ygor Marotta e Enivo!

Karmen: contato@karmen.com.br

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