Cameron Saul nasceu no mundo da moda: o pai dele, Roger Saul, fundou a Mulberry. “Cresci com bolsas“, brinca ele em entrevista ao Blog LP, explicando que conversas sobre design de produto e atenção aos detalhes sempre fizeram parte do dia-a-dia da família. E não por acaso, o 1º passo da Bottletop – marca de acessórios de Cameron Saul e Oliver Wayman – foi uma parceria com a Mulberry: bolsas com detalhes de anéis de latinha de metal feitas na África, cujo lucro ia pro auxílio de formação de jovens em comunidades carentes. Hoje a Bottletop atua independente da Mulberry, e funciona tanto como instituição filantrópica quanto como marca de luxo, apresentando sua 4° coleção, de outono-inverno 2014/15, durante a Semana de Moda de Londres.
Mas a Bottletop não é uma marca de luxo comum. “Muitas coisas consideradas luxuosas são, na verdade, produzidas em massa e vendidas com uma etiqueta cara. Hoje, o significado de luxo é meio distorcido”, conta Cameron, ressaltando a importância que o processo de criação artesanal tem na sua marca. E as bolsas são produzidas na Bahia e em SP, com anéis de latinha reciclados e couro sustentável da Amazônia! “Luxo, pra mim, está nos detalhes, em toda jornada do produto e das pessoas por trás dos produtos. O resultado são miniobras de arte que deixam as pessoas muito impressionadas, porque é um couro com acabamento e qualidade tão altos quanto o couro italiano”, finaliza ele.
O processo artesanal em questão, do crochê com os anéis, é bastante familiar aos brasileiros, que com certeza já encontraram uma bolsa do tipo em feirinhas de artesanato. De fato foi no Brasil que a ideia surgiu: Oliver viu um dos acessórios e a leveza do material o impressionou bastante. Cameron conta que um conhecido sugeriu iniciar um programa de treinamento da técnica, com a premissa de lançar um produto muito mais refinado, usando couro trançado além do crochê e dos anéis. “Levamos um designer de Paris pra Salvador e trabalhamos juntos pra aprimorar essa técnica com nossa equipe. Foi muito incrível – eles são naturalmente talentosos quando se trata de artesanato e absorveram tudo muito rapidamente também”, lembra ele. “Depois, partimos pra um outro nível, uma linha contemporânea – e procuramos o Narciso Rodriguez pra uma parceria” – ideia da atriz Jessica Alba, tá? “Ele foi adorável – não só conhece a Bahia como também passou muito tempo lá, conhece o país muito bem e topou se envolver. Decidimos criar dois modelos de bolsa com ele [um deles batizado de Jessica, por sinal] e estivemos trabalhando nisso por um ano e meio”. As peças já estão disponíveis na Harrods, em Londres, e a partir de março as brasileiras também poderão garantir suas Bottletops na Mares, em SP. A marca também tem pontos de venda no Canadá e nos EUA.
Apesar dos planos pra marca envolverem busca de novas técnicas artesanais em diferentes lugares do mundo, Cameron diz que “a produção no Brasil é fundamental” e que não pretende deixar a comunidade de lado, explicando que eles são “o coração e a alma da Bottletop“. Afinal, foram sete anos de desenvolvimento da técnica até o lançamento! E pensar que tudo começou porque Cameron e Oliver estavam trabalhando com música no Brasil, acredita? Aproveitando o gancho, pedimos pra ele montar uma playlist que defina a marca: “‘Carolina’, do Jorge Ben; algo mais acústico, do começo da carreira do Gilberto Gil ou do Caetano. Depois algo mais eletrônico, provavelmente do meu irmão, o DJ e produtor Will Saul – uma música dele que tem batidas afro chamada ‘Mbara’, e acho que algo realmente afrobeat também seria apropriado, dada nossa herança africana. ‘Turbulent Times’, do Dele Sosimi, e pra finalizar, algo retrô e clássico: Donna Summer. Mix eclético, mas é definitivamente uma marca eclética!”. E aí, gostou? Confira mais fotos na galeria!
Yéssica Klein, infohunter do Blog LP direto de Londres