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Rafa Dejota e sua camuflagem étnica

24.09.2011

Rafa Dejota é figura fácil nos créditos de coleções – como a primavera-verão 2011/12 da Neon, no MuBE – e nas picapes das baladas paulistanas. Pro mundo da moda, ele contribui com suas estampas há anos e já passou pela Forum, Triton, TNG – ele assinou as estampas e a pintural corporal do desfile sob direção criativa de Regina Guerreiro Ellus e a marca de Dudu Bertholini e Rita Comparato. Esses, além de parceiros, são amigos, numa turma onde as particularidades de cada um formam o todo dos abravanados. Não por acaso, foi esse grupo de amigos que atraiu as atenções do AVAF, o coletivo de arte liderado por Eli Sudbrack, que organizou uma expô na Casa Triângulo com Rafa entre os artistas convidados, em 2006.

Na época ele cursava Artes Plásticas e já estudava as possibilidades de um material que usa até hoje: os plásticos refletivos. Foram mais de 4 anos até encontrar a tinta certa pra deixá-los com outra cara, como é o caso do painel que serve de cenário pra turnê do disco “La Liberación” (o novo do CSS), que faz par com uma jaqueta usada por Lovefoxxx. O efeito é o que ele chama de camuflagem, com as pessoas e o ambiente mesclados nas estampas. É esse um dos grandes lances do trabalho de Rafa, uma explosão de formas que confunde o olhar do observador e que tem muito a ver com a forma como as pessoas interagem com suas obras.

“Gosto de ver a reação das pessoas ao ver uma performance de body painting, por exemplo, quando eu pinto alguém e saio pela rua”. O corpo é um dos suportes que ele gosta de usar além dos tecidos e das telas – e há 3 anos as paredes e tudo o que está no interior de uma casa, por exemplo, também passaram a receber suas pinceladas. É o caso do apartamento que ele divide com outros artistas, batizado de Challet d’Suisse, que também funciona como o espaço expositivo de seus moradores. Dudu Bertholini é um dos proprietários desse tipo de obra imóvel, que ao mesmo tempo traz movimento pra decoração dos interiores. “Esse trabalho tem como base as casas africanas, pintadas por dentro e por fora com grafismos”.

Grafismo e temática étnica. Os 2 termos poderiam resumir a estética explorada por ele, que se identifica com nomes como Jean Dubuffet, Stuart Davies e Keith Haring. Este último inclusive tem muito a ver com a nova expô de Rafa, que entra em cartaz na Cartel 011 no dia 10/11. “Axé” é o nome da mostra com obras superinfluenciadas pela viagem que ele fez à Bahia ao lado de Dudu. Tudo começou no ano passado, quando Eli o convidou pra ficar hospedado na casa do artista Kenny Scharf, no mesmo lugar que recebia Keith Haring nos anos 80, em Serra Grande. Haring costumava pintar os muros das casas da população local. Em 2010, Rafa teve a oportunidade de restaurar um deles – que havia sido apagado! – a partir de uma polaróide que mostrava o desenho original. Voltou à cidade no Carnaval, pro mesmo endereço que hoje serve como uma pousada restrita aos convidados de Tereza Scharf, ex-mulher de Kenny. A energia do lugar deu em “Axé“!

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