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Os lúdicos acessórios de Patrícia Naves

12.03.2009

Difícil encontrar quem não se emocionou com o desfile de Ronaldo Fraga no último SPFW. Inspirado no espetáculo “Giz”, de Álvaro Apocalypse, de 1988, a coleção trouxe crianças e sexagenários para passarela no lugar das tradicionais modelos. E nesse verdadeiro fashion show, a riqueza da coleção morava nos detalhes. Como nos acessórios – colares com plaquinhas de lousa com dizeres escritos a giz: “bem me quer”, “amada”, “linda”, “formosa”… Já o diamante, pedra preferida das mulheres, apareceu no anel em versão lúdica e oversized, feito em material de quadro-negro. Uma graça! Blog LP gostou tanto que foi atrás da criadora dessas peças tão sutis. Acabamos conhecendo Patrícia Naves, uma arquiteta mineira apaixonada pelo design.

“Cresci em um apartamento pequeno, dormia em um quarto de 4m². Minha mãe acha que meu quartinho deu início à arquitetura. Também acho – dentro dele coloquei cama, bicama, penteadeira, criado mudo e escrivaninha. Passei no vestibular de arquitetura na UFMG. Fui passar uns meses na Finlândia e fiquei arrebatada pela arquitetura e pelo design escandinavo. Vi que nunca mais conseguiria separar as coisas: design de arquitetura, Escandinávia do Brasil… Desde então, tento administrar esses 4 amores”, conta.

Formada em 2002, Patrícia iniciou seu trabalho com design de mobiliário e objetos em 2004, quando fundou a marca Oiti, paralelamente à carreira de arquitetura. “Os produtos que crio refletem o meu olhar sobre as coisas, a idéia de que o design e a arquitetura são armas para melhorar a vida e não têm compromisso com tendências ou modismos”, explica. Graças a esse olhar tão antenado, seu trabalho vem sendo reconhecido mundo afora. Em 2006, foi finalista do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira com o revisteiro “Luiza”. Em 2007, abriu em BH, juntamente com as arquitetas Manoela Beneti e Juliana Barros, a Grampo, uma mistura de loja de design, atelier e escritório de arquitetura. Já em 2008, foi selecionada pelo site italiano “Designboom”, para expor seu trabalho na Feira do Móvel de Estocolmo e na Feira Internacional do Móvel Contemporâneo de NY.

No começo deste ano, veio o convite de Ronaldo. Em uma carta ao estilista, Patrícia revela a sensação de criar peças para um desfile pela primeira vez: “Trabalhar com você foi uma alegria descomunal para mim… Os 8 dias que se seguiram, entre o detalhamento das peças e a produção, foram de muito trabalho e muita, mas muita alegria. Essa alegria me dopou até o início do desfile e partiu delicadamente, dando lugar à emoção sem precedentes que senti naquele espetáculo maravilhoso”. Espetáculo esse que, cá entre nós, deve uma parcela ao talento de Patrícia.

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