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Lillian Bassman cansou da moda

22.07.2009

No começo do anos 70, Lillian Bassman fazia parte do seleto grupo dos mais importantes fotógrafos de moda do século XX. Porém, desiludida com os costumes do final dos anos 60 e cansada do universo fashion, expressou seu desdém por tudo isso simplesmente destruindo décadas de negativos e jogando outra boa parte de material dentro de um saco, esquecido por anos na dispensa de carvão de sua casa no Upper East Side, em NY. Agora, aos 92 anos, ela recuperou parte dessa material e procurou formas criativas de reimprimi-las. Pra alegria de quem não conheceu o trabalho dessa talentosa artista, algumas dessas imagens estão expostas na galeria KMR Arts em Washington Depot, nos EUA, até o dia 05/09.

Lillian nasceu em 1917, filha de intelectuais russos, que migraram para os EUA em 1905. Entre os anos 40 e 60, trabalhou como fotógrafa de moda pra “Junior Bazaar”, e depois pra “Harper’s Bazaar”, onde ajudou a promover a carreira de nomes importantes como Richard Avedon, Robert Frank, Louis Faures e Arnold Newman. Sob orientação do influente diretor de arte Alexey Brodovitch, ela clicava – em preto e branco – mulheres elegantes, de pescoços alongados, roupas estruturadas e, algumas vezes, acompanhadas de homens distintos com cigarros entre os dedos. Além de seus trabalhos para a revista norte-americana, são famosos os seus anúncios de lingeries para a marca Warner, com mulheres etéreas, livres de amarras, o que para alguns estudiosos contribuiu de certa forma para a revolução sexual no final dos anos 60. Sobre sua estafa com o mundo da moda, disse em entrevista na década de 80: “Fiquei cansada. As modelos estavam se tornando superestrelas. Estavam ditando ao invés de serem dirigidas”.

Seu retorno à fotografia só se deu nos anos 90, quando o tal saco de fotos esquecidas foi achado. Lillian começou a manipular as imagens, descolorir planos de fundo, aumentar contrastes, deixar tudo mais etéreo do que era originalmente. Há 5 anos, descobriu as glórias do Photoshop: passou a trabalhar todos os dias em seu estúdio brincando com as imagens. Em entrevista pra um veículo, até diz que é expert em computadores. Mas todo esse talento não vai além do editor de imagens – Lillian mal sabe entrar no Google ou escrever um e-mail. “Não estou interessada”, diz ela ao jornal, “em nada disso”.

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