Os mundos imaginários de Beatriz Chachamovits

15.03.2015

Beatriz Chachamovits, escorpiana de 28 anos, é uma artista plástica brasileira que tira suas referências do mundo real pra criar seus próprios personagens. Recentemente, Beatriz foi recrutada por Ara Vartanian pra fazer a vitrine de sua loja no shopping Cidade Jardim. A gente foi atrás pra saber mais dela e de seus projetos atuais e futuros, e se algum deles envolvem a moda. E na galeria a gente te mostra alguns de seus trabalhos – confere!

Como começou o seu interesse pela arte e quando começou a desenhar?
Sempre gostei de desenhar, desde pequena invento personagens e mundos imaginários. No começo queria fazer animação, mas na época não existia nenhuma graduação em São Paulo nessa área, então pensei no que poderia estudar que me permitiria fazer do desenho minha profissão. Foi aí que comecei de fato a me interessar por arte e resolvi estudar Educação Artística na FAAP.

Você tem algum parente que trabalha com arte?
Minha tia, Suzy Gheler.

Quais as técnicas você usa pra pintar?
Na pintura uso tinta acrílica e pastel seco mas nos últimos anos venho trabalhando especialmente com nanquim sobre papel no desenho, mais cerâmica e uma massa de celulose vegetal chamada DAS pra escultura.

Quem são suas maiores referências na arte?
Começo por aquele que me ajudou a entender o valor da vida marinha: biólogo marinho, pesquisador, artista e braço direito de Darwin na Alemanha, Ernest Haeckel e seu livro Kunstform der Natur (Art Forms of Nature). Depois os mestres: Gustav KlimntAlphonse Mucha, Aubrey Beardsly, Claude Monet, Vincent Van Gogh, Pierre August Renoir, Wassily Kandinsky, Joan Miró, Salvador Dalí, Max Ernst, e Henri Matisse. Arte chinesa: Hokusai e Kuniyoshi. Arte contemporânea: Janaina Tschape, Anish Kapoor, Joana Vasconcelos, Anselm Kiefer, Abraham Palatinik, Erica Verzutti, Arthur Barrio, Jan Fabre, Luiz Zerbini, Sandra Cinto, William Kentridge, Manuel Ameztoy, Antonio Vasconcelos Lapa, entre outros.

Quais são as suas inspirações na hora de criar?
Me inspiro muito nas formas da natureza. Antes de começar algo novo, pego meus livros e folheio por um tempo, abro a internet pra pesquisar espécies que me interessam no momento, mas logo fecho e começo a desenhar. Dessa maneira internalizo as imagens, e quando vou pra o papel desenvolvo o traço a partir da soma da imaginação e dos resquícios imagéticos na minha cabeça.

Como está sendo o retorno do seu trabalho?
Realmente bom, muito gratificante. O que me deixa com o maior sentimento de realização é a resposta positiva do público que interage com meu trabalho. Não é fácil, mas há 5 anos toda a minha fonte de renda vem tanto da venda de obras como a de parcerias que utilizo o desenho como ponto de partida!

 Como aconteceu a parceria com o Ara Vartanian?
A Sabrina Gasperin, esposa do Ara, estava buscando uma obra pra dar de presente de aniversário pra ele. Dois amigos meus – que trabalham com eles – me indicaram. Desenhei seu peixe favorito, o atum. Em seguida ele me chamou pra fazer a vitrine e adorei o convite! Depois disso me inspirei pra fazer algo novo; comecei uma série de cenários feitos a partir de desenhos recortados. Foi muito inspirador pra mim!

Foi a 1ª vez que fez algo relacionado a moda? Pretende continuar?
Não, já trabalhei com outras marcas. Minha 1ª vitrine foi uma parceria com a Juliemy Moraes Machado (ganhadora do prêmio VMSP) pra Alcaçuz. Desenvolvi estampa pra Jo de Mer (biquíni e saída de praia); uma camiseta pra coleção de artistas da Mixed; objetos pra Galeria Nacional (almofada, canga e lenço). Ano passado fiz uma pequena coleção de roupas e acessórios femininos (blusas, camisetas, vestido, lenço e bolsa) pro lançamento da marca SOHÁ Wearable Art da Tania Zaccharias. Com certeza pretendo continuar. Acabei de entregar o design da camiseta do festival de cinema FilmGate, de Miami, e estou preparando algumas peças pra PhD Galeria.

Quais seus planos pro futuro?
Meu plano mais próximo é terminar o “Livro Fantástico de Peixes Imaginários” – que será uma compilação de desenhos e as histórias que inventei pra eles. Gostaria de publicá-lo com um livro de arte. Estou desenvolvendo um projeto de esculturas sonoras feitas de cerâmica, inspirados nos corais e esponjas marinhas. Quero, no 2º semestre, fazer uma residência artística na Índia através do convite do curador e amigo londrino Skinder Hundal pra estudar a tradição de desenho da tribo Warli [participantes da exposição Feito por Brasileiros no antigo hospital Matarazzo]. E, claro, quero poder crescer cada vez mais dentro e fora das minhas práticas artísticas. Ter espaço e liberdade pra realizar e expor minhas ideias. Pretendo ficar velha fazendo arte!

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