O figurino do “Blade Runner 2049” é bom? A resposta é…

13.10.2017

Aviso: esse texto não contém spoilers importantes sobre “Blade Runner 2049” mas traz spoilers do filme de 1982 de Riddley Scott. Caso você ainda não tenha assistido o primeiro da sequência e ainda queira assistir, é melhor parar de ler!

Renée April, a figurinista de “Blade Runner 2049“, relutou em aceitar o trabalho quando recebeu o convite de Denis Villeneuve, o diretor. Isso porque o primeiro longa de 1982 foi crucial esteticamente: o figurinista-mito Michael Kaplan fez, ao lado do colega Charles Knode e do maquiador Marvin G. Westmore, algo tão forte e icônico que virou símbolo da hoje obra cult. Todo mundo lembra da ombreira com listras e do cabelo com topete de Rachael (Sean Young); todo mundo lembra do look pós-punk detonado-sexy com o cabelo loiro doidão e o spray preto nos olhos de Pris (Daryl Hannah). Existem paralelos no novo “Blade Runner“? A resposta é não.

Mas isso não quer dizer, necessariamente, que o filme não seja esteticamente estimulante. Ele tem recebido duras críticas a respeito do seu tom sexista (é bom lembrar que muita gente aponta a cena de sexo entre o protagonista Deckard, Harrison Ford, e a replicante Rachael em 1982 como um estupro. E sinceramente, a gente acha que essas pessoas estão certas). No de 2017, a personagem Joi (Ana de Armas) causou discussão por ser uma companhia virtual submissa, que existe pra fazer o novo personagem principal, K (Ryan Gosling), ser feliz. Agora a discussão sobre o que define a realidade e o artificial fica mais complexa, já que K é um replicante… A inteligência artificial Joi teria sentimentos? É ético programá-la pra ser submissa assim? Se K também é inteligência artificial, o fato de Joi ser submissa a ele e não a um humano muda os fatos?

Relembre do desfile de Raf Simons em clima super “Blade Runner”

Bom, estamos aqui pra falar de figurino! O trabalho de April já é bem diferente do de Kaplan por causa do foco no figurino masculino. Ele é o mais marcante: a gola do casaco de K e o look quimono-chic de Wallace (Jared Leto). Entre elas, parece que os anos 80 bem representados por Rachael e Pris viraram 90 com um minimalismo fino de Joshi (Robin Wright), a geometria clean da modelagem dos looks de Luv (Sylvia Hoeks) e o grunge quase Pris de Mariette (Mackenzie Davis). Em Joi, especificamente, aparecem dois looks um pouquinho mais marcantes: a peruca azul do holograma nu que aponta pra K em uma ponte e o casaco de plástico transparente amarelo. Algum deles é facilmente reconhecível, digno de festa a fantasia, como os do filme anterior? Não mesmo.

Em resumo: o visual do filme obviamente não chega a ser tão inovador quanto o do primeiro, mas a fotografia e a direção de arte realmente são deslumbrantes. Já no setor de roupas, a coisa deixa a desejar… Como diria a jurada do “Ru Paul’s Drag RaceMichelle Visage: “Too pedestrian“. Ou seja, é pro fashionista ir, mas sem expectativa, tá? Veja mais na galeria clicando na foto.

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