Não, não estamos falando de Gisele Bündchen na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio. É o musical “Garota de Ipanema – O Amor é Bossa”, que está em cartaz no recém-inaugurado Teatro Riachuelo, no Rio! Além de contar com o global Thiago Fragoso no elenco, a peça que fala sobre a época da bossa nova com clássicos do estilo como “Dindi“, “Samba do Avião” e “Wave” traz figurinos da poderosa Marília Carneiro, considerada uma das maiores figurinistas brasileiras. A gente decidiu, então, falar com ela sobre o assunto – você sabia que as roupas do espetáculo têm até participação da carioquíssima Farm? Vem conferir:
Como foi a pesquisa do figurino?
Foi tão autobiográfica! Na época em que se passa o musical, eu estava no auge da minha juventude. Brigitte Bardot apareceu aqui com um biquíni lindo e mandei fazer um igual para mim. Agora, pro musical “Garota de Ipanema- O Amor é Bossa”, mandei fazer um inspirado no meu daquela época. Utilizei referências que vivi e lembrava. Refresquei minha memória no Cinema Novo e principalmente no cinema francês da Nouvelle Vague, que se insere no movimento contestatório dos anos 60, com Jeanne Moreau e Bardot nos inspirando. As meias coloridas saíram do filme “Blow Up“, de Antonioni. A estilista Mary Quant mandava ver na época, com as sainhas curtinhas que usava e comercializava na sua loja Bazaar na famosa King’s Road, em Londres. Me vestia exatamente dessa maneira, assim como Nara Leão, uma grande amiga.
O que você logo de cara já sabia que não poderia faltar no figurino?
Os vestidinhos babylook amplos, franzidos no pescoço, cavados e de tecidos bem finos. E as estampas abstratas e geométricas. Usei até Athos Bulcão [artista, pintor e escultor que colaborou com Oscar Niemeyer] nas estampas, já pensando na inauguração de Brasília. Os desenhos geométricos da Pucci também foram referência, comprei tecidos lisos e mandei estampar. Só não brinquei com Op-Art porque o diretor Gustavo Gasparini me pediu neutralidade, que deixasse as cores pros protagonistas. Na época, Yuri Gagarin se tornava o primeiro homem a viajar pelo espaço e afirmou que a Terra era azul. Explorei essa cor em algumas peças, como o suéter do Zeca (Thiago Fragoso).
Como foi a participação da Farm?
Ela colaborou com o figurino da protagonista Dindi (Letícia Persiles), com modelagens maravilhosas e tecidos encantadores. Trabalhamos com muita delicadeza. No primeiro ato, a Dindi usa um vestido estampado com modelagem e tecido da Farm. O casaquinho é de um brechó de SP. Ela usa ainda um avental que mandei fazer, pra caracterizá-la na fase em que morava no subúrbio e cozinhava pro marido. No segundo ato ela corta o cabelo e usa um vestido da Farm branco, longo, bem bonito, pro Réveillon. E no momento em que canta “Garota de Ipanema”, ela está com uma espécie de quimono curto sobreposto, também da Farm, lindo, em estampa japonesa, que rebordei.
Você já fez vários figurinos, mas cada um deve ter um novo desafio. Qual foi o desafio dessa vez?
Foi fazer meu terceiro figurino sobre a mesma época. Tanto em “Elis, a Musical”, quanto em “S’Imbora – O Musical“, sobre Wilson Simonal e agora em “Garota de Ipanema”, todos se passam no mesmo momento histórico, então tive que explorar 3 lados do mesmo assunto. Mas nesse quis que, quando abrissem a cortina, o público viajasse direto pros anos 60!
Qual look da peça que você acha que as pessoas vão sentir vontade de sair usando?
Bem, eu sairia com o vestido final da noiva do Zeca, a Lígia, um vestido inglês com estampa indiana que comprei num brechó. Acrescentei um chapelão estilo Gal Costa, bolsa de palha italiana e espadrilles de lona. Ficou uma virada pros anos 70 chiquérrima!
“Garota de Ipanema – O Amor é Bossa”
Até 27/11, quintas, sextas e sábados às 20h; domingos às 18h
Teatro Riachuelo: r. do Passeio, 38/40, Centro, Rio
(21) 3005-3432
De R$ 50 a R$ 140 (compras via site Compre Ingressos)