Johnny Jewel já avisa que está de jetlag. “Não tenho a menor ideia de que horas são”, diz ele, que tocou na Austrália, voou pra Berlim na estreia da exposição “The Little Black Jacket” a pedido de Karl Lagerfeld e agora está no Brasil! Uma de suas bandas, a Glass Candy, tocou na festa de um ano da revista “Harper’s Bazaar” que aconteceu dia 27/11 no Cine Joia. “Mas a Ida está mais cansada que eu, por isso a deixei dormindo no hotel”, diz ele a respeito da ausência da vocalista na passagem de som, onde Blog LP o encontrou pra uma conversa. Confira abaixo!
Como vocês se conheceram?
Conheci a Ida em 1996, quando eu era caixa de uma mercearia em Portland, no Oregon [EUA]. Era um dos únicos lugares na cidade que vendia verduras frescas, e ela tinha ido comprar cenouras pro coelho dela. Naquela época não havia Internet, essas coisas… Ela me viu – esse cara estranho com maquiagem e cabelo diferente. Quer dizer, na verdade era a mesma coisa que agora, mas não era tão comum naqueles dias. Não existiam hipsters (risos). Enfim, começamos a conversar e emprestei meu sintetizador pra ela. Estranho, né? Acabei de conhecer alguém e não emprestei uma jaqueta ou coisa do tipo, foi logo um instrumento musical!
Você tem alguma referência de estilo?
Eu era skatista, então usava aqueles tênis grandes e shorts. Aí comecei a ouvir new wave e notei que as meninas curtiam aqueles caras… Queria parecer o Robert Smith, do The Cure, ou o Morrissey, do The Smiths, pra chamar a atenção das garotas.
Como é sua relação com moda?
Gosto da parte criativa. Maquiagem, obviamente [ele usa sombra vermelha e lápis de olho durante a entrevista], a ideia de fantasia. Isso tem muito a ver com som também, como criar um mundo ou um ambiente. Mas não gosto tanto dessa parte de consumo… Não saio atrás de uma peça específica, algo que eu preciso ter, sabe? E já fiz bastante coisas com moda também – toquei com minha outra banda, a Chromatics, no desfile de primavera-verão 2013 da Chanel, por exemplo.
E como foi isso?
A equipe do Karl Lagerfeld entrou em contato comigo. Eles entram com 20 ou 30% da ideia, pedem 5 ou 6 músicas e deixam o resto com a gente. Foi bem tranquilo – achei que eles fossem ser mais restritivos, mas tivemos muita liberdade criativa. Foram dois dias de ensaio, mas no fim tivemos que improvisar, porque o desfile ficou mais longo que nos ensaios, tipo 50 segundos! E aí você tá lá, na frente de 3.000 pessoas, o Kanye West está te encarando e você improvisando. Tem muita pressão de última hora em música, mas a moda com certeza ganha!
Se você tivesse uma marca de moda, como ela seria?
Hum, difícil… Seria bem mod, bem clean, bem anos 60 – mas daquele jeito mais de ficção científica, sabe? Tecidos geométricos, plastificados, bem minimalista. Muita cor pras meninas e pros meninos, preciso pensar. É um mundo muito masculino e os homens tendem a serem mais fechados – tipo eu, vestido de preto (risos).