O rebanho produtivo de Inês Schertel

15.01.2014

Verão é tempo de tosquia na fazenda da designer Inês Schertel e isso significa muita matéria-prima pra seus tapetes e objetos de decoração. Ela e o marido, Neco, mantêm um rebanho de ovelhas há 8 anos em São Francisco de Paula, no RS. Foi lá que ela começou a desenvolver sua curiosidade pela lã grossa dos animais da raça Texel, criadas em campo nativo melhorado. “Sempre tive vontade de aproveitar uma matéria prima tão rica e linda, com toque delicioso”, conta Inês ao Blog LP.

“Há 2 anos vi em Milão, na galeria Rossana Orlandi, um tapete feltrado feito na Ásia Central e fiquei apaixonada”, ela conta, explica o ponto de partida pra técnica que usa hoje, a feltragem por fricção. “É uma tradição entre os povos nômades e pastores da Ásia Central que viviam em tendas feitas de feltro por eles próprios (os yurts). É tão antiga que surgiu antes mesmo da fiação e da tecelagem. Desde então comecei a pesquisar e fiz cursos na Itália, em Milão e Limone Piemonte, e também na Holanda, em Maastricht”. O processo consiste na fricção manual das fibras – selecionadas, lavadas e cardadas antes – com água e sabão. Ao encolher, as fibras se juntam e viram o feltro.

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A cada ano, 300 kg de lã são tosquiados e beneficiados na fazenda. Depois da lavagem e carda, ela tinge as fibras, num processo também manual, como todo o resto. “Gosto de usar a assim, porque ela pode ser moldada de diversas maneiras, inclusive espaciais, como uma escultura”, conta. O resultado são tapetes, tapeçarias e cestos lindos, que ela vende pelo seu site, email ou telefone. Um tapete grande (1,80m x 1,80m) requer cerca de 3 kg de lã, quase o equivalente ao que uma ovelha dá por tosquia. E precisa de cuidados especiais, que a própria Inês divide: “Indico a lavagem a seco pra não deformar a peça. O tapete pode até ser lavado manualmente e secado à sombra, assim como uma malha de lã”.

Blog LP te mostra as peças e seus preços aqui na galeria. Clica na foto pra abrir!

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