Na nova exposição “Portraits” de Bisa Butler, que traz em sua obra temas relacionados à ascendência africana, a artista norte-americana troca a tinta por fios e cria colchas que evocam lembranças e resistência. Formada em pintura pela Howard University, em Washington, ela migrou para o suporte têxtil para compensar a dimensão e as cores de que sentia falta na tela.
O tecido também permitiu que ela trabalharsse durante a gravidez, já que tintas e solventes podem ser tóxicos. Além disso, Butler resgata a memória afetiva de sua infância, quando sua mãe e sua avó a ensinaram a costurar. A primeira obra nesse estilo é a colcha “Francis and Violette (Grandparents)“, feita durante seu mestrado em Educação de Artes na MontClair State University, em Nova Jérsei.
O quilting – esse patchwork decorativo muito usado em colchas – faz parte da tradição dos africanos escravizados nos Estados Unidos, que juntavam retalhos de tecido para fazerem cobertores e se manterem aquecidos. Os trabalhos de Bisa se inspiram nos próprios álbuns de família, em fotos de Dorothea Lange, nas colagens de Romare Bearden e nos trabalhos em tecido da artista Faith Ringgold.
Mas a linha estética de Butler dialoga mais com temas propostos pelo coletivo de artistas negros AfriCobra, criado em Chicago no final dos anos 1960 com o objetivo de celebrar a cultura afro-americana e estimular a produção artística por negros. A exposição solo “Bisa Butler: Portraits” está em cartaz no Instituto de Arte de Chicago, com mais de 20 retratos em colchas e fica em exibição até 19/04/2021. Pra saber mais, clica aqui!