Fundo de doação para ajudar estilistas na crise e a urgência das mudanças no calendário da moda

22.05.2020

Foto Divulgação

Desfile do inverno 2020 da marca Altuzarra

Várias iniciativas de mudanças no sistema da moda estão pipocando pelo mundo, como a liderada pelo estilista Dries Van Noten (clica aqui!) e esta que está sendo discutida no Brasil (saiba mais neste link), em decorrência da pandemia do Covid-19. Depois que a “Carta Aberta para a Indústria da Moda” (do Dries) foi divulgada, um grupo de mais de 60 profissionais da moda (estilistas, executivos e varejistas) lançou uma proposta semelhante, mas mais elaborada: é o #rewiringfashion.

Com o apoio da plataforma Business of Fashion, o manifesto reivindica a desaceleração do calendário da moda, seu realinhamento com as estações do ano e a diminuição da frequência das liquidações. Entre os criadores do movimento – que já tem o apoio de mais de 1600 estilistas e CEO’s da indústria – estão marcas independentes conhecidas, como Proenza Schouler, Gabriela Hearst, Lane Crawford, Altuzarra e Christopher Kane.

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Coleção de pré-outono 2020 da Christopher Kane, uma das marcas que, junto ao BoF, contribuiu para o #rewiringfashion

Ao mesmo tempo, o mercado americano e britânico se juntou para criar uma proposta. O resultado discutido em conjunto pelo CFDA (Conselho de Designers de Moda dos Estados Unidos) e pelo BFC (Conselho de Moda Britânico) é o “Reset da Indústria da Moda“, uma mensagem que também defende a unificação das semanas de moda masculina e feminina e a apresentação das coleções logo antes delas chegarem às lojas.

O comunicado recomenda “fortemente que os estilistas foquem em não mais que duas coleções principais por ano” e que os desfiles da temporada ocorram em apenas uma capital da moda, com o objetivo de reduzir todas as viagens que os profissionais envolvidos têm de fazer nesses períodos.

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Inverno 2020 da Charles Jeffrey Loverboy, uma das primeiras marcas a receber o auxílio do BFC

Além disso, o CFDA e o BFC criaram fundos para ajudar estilistas que estão passando por dificuldades nesses tempos de pandemia e que não sobreviveriam financeiramente por muito tempo diante da crise sanitária. O conselho britânico pretende arrecadar £ 50 milhões (aprox. R$ 345 milhões) e a cada £ 500 mil (aprox. R$ 3,4 milhões) arrecadados, o fundo libera até £ 50 mil (cerca de R$ 340 mil) para as marcas, que também recebem uma espécie de “coaching empresarial” fornecido pelo BFC. O primeiro milhão de pounds (cerca de R$ 7 milhões) está sendo destinado a 37 nomes como Charles Jeffrey Loverboy, Halpern, Chalayan, David Koma, Craig Green, Raeburn e Richard Quinn. Do lado dos contribuintes, estão marcas como Alexander McQueen, Browns Coach.

Já o fundo do CFDA, que leva o nome de “A Common Thread” (em português, “Um Fio em Comum”), foi criado junto à Vogue americana. O conselho arrecadou mais de US$ 4 milhões (cerca de R$ 22 milhões) e contou com apoio especial da Ralph Lauren, que doou mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões), e da The Elaine Gold Foundation, com doação de mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,8 milhões). E aqui no Brasil, como seria a criação de um fundo de ajuda às marcas nacionais? Boa pergunta, hein!

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