“Ai que calor”, diria Regina Guerreiro em uma de suas interjeições mais clássicas, pérola da escrita fashion e marca registrada de anos dedicados ao jornalismo. Agora diretora de criação da TNG, Regina fez valer a expressão e distribuiu leques de palha às modelos que desfilaram coleção tribalista tropical, focada em referências africanas e cores explosivas diretamente saídas dos anos 80. Década em que a grife insiste em acreditar, fazendo vistas grossas aos avanços da silhueta e de proporções da moda atual. O resultado é até divertido em alguns momentos, mas resulta deveras datado na maioria dos looks, onde paletós de ombros exagerados fazem companhia a camisas que, de tão amplas, tem que ser arrematadas com o famigerado nozinho na cintura. De positivo, o primeiro bloco de alma safari, em que jaquetas e calças de linho amassado soam mais apropriadas ao momento comfort da moda global. Onças, folhagens e outras piscadelas ao universo selvagem das florestas funcionam bem na parte mais utilitária da apresentação. O mix da TNG bebe ainda no esporte, essência do streetwear, com bermudinhas ciclistas, zíperes e cordões e a gente fica sem saber o que realmente vai para as araras dos shoppings.
Sylvain Justum
