Isabela Capeto, Herchcovitch e mais no 1º dia de SPFW outono-inverno 2005

20.01.2005

Apesar dos apagões intermitentes e do calor intenso no prédio da Bienal, a São Paulo Fashion Week começou bem sua temporada de lançamentos para o outono-inverno 2005 que segue até terça-feira. O conteúdo das passarelas compensou também o tumulto causado pela liberação de entrada de não profissionais do setor, que agora podem comprar ingressos e ter acesso aos corredores do evento. Mas essas pessoas acabam furando o cerco e entram nas salas dos desfiles mesmo sem convite. Resultado: as salas nunca estiveram tão lotadas.

Bem fez Isabela Capeto, a carioca que é uma das maiores promessas do made in Brazil. Seu desfile foi logo cedo, ontem de manhã, evitando a presença desses “penetras fashion”. Isabela traz sua visão de um novo luxo. O luxo supertrabalhado de peças de patchwork de paetês e estampas que ficam ainda melhor quando “escondidas” sob um vestidinho de tule rosa ou uma camiseta meio “podrinha”. Nesta mistura do brilho e do sujo, entram os contos de fadas com a figura das Princesas ou uma historinha de terror com caveira floral. Nas blusas, nervuras e casinhas de abelha bem delicadas, com corte Império. O sapatinho pode ser de princesa, em camurça pastel, ou bota caubói metalizada com detalhe de camurça.

Num desfile emocionante, Alexandre Herchcovitch faz uma serenata para cada look da coleção. Samba, rock, rap, jazz entram juntos na passarela (cada modelo vem acompanhada de seus músicos) numa orquestração tão moderna e instigante quanto sua interpretação do rococó neste século 21. Babadinhos em profusão e anquinhas invadem as peças. Os grandes hits são o trench-coat de laise impermeável com um incrível camuflado de nuvens e as peças de látex transparente com pássaros e flores – um verdadeiro encanto.

A Triton recupera a forma nesta estação. Interpreta o zeitgeist da juventude que quer vestidinhos brecholentos com brilhinhos novos, exatamente do jeito que Gisele Bündchen desfilou, em três versões (bege-pele, berinjela e lilás). Jaquetinhas de pele de carneiro, tops de rendinha, moletons e tricôs vêm com calça jeans muito justa dentro da bota, como manda o figurino do inverno.

Mineiro como ele, Ronaldo Fraga busca inspiração na poesia de Carlos Drummond de Andrade e imprime desde a cédula de 50 cruzados novos (moeda do final dos anos 80) com sua efígie até seus bilhetes e cartas. Poesia à parte, o maior avanço de Fraga está na coleção masculina, em proporções mais contemporâneas.

Ao entrar na sala de Ricardo Almeida, a platéia já encontrava os modelos na passarela, envolta em cortina preta transparente. Almeida dispensou a presença de vips e celebridades e focou na roupa. O resultado foi evidente:
seu homem ganha mais informação de moda e modernidade. Em tons escuros, a silhueta seca e justa com bolsinhos utilitários desperta desejo de compra até das mulheres – a exemplo da Dior Homme, criada por Hedi Slimane, que tem Madonna e modelos entre suas clientes.

Na Zapping, o casamento do espetáculo no gelo Holiday on Ice com o movimento beatnik deixou a desejar, apesar do bom humor e do espírito escapista característicos da estilista Thais Losso estarem presentes. O melhor são os jeans com muito brilho e as minissaias teen, de preferência na malha listrada de preto-e-branco.

Como sempre acontece, a Osklen se inspira em lugares bacanas para passar as férias, como a aventureira Patagônia e seu inverno austral. As leggings confortáveis ficam surpreendentemente boas nos homens, pontuando uma silhueta justa em baixo com casacões de tricô rústico – um look ótimo para noites na montanha em frente à lareira.

Lilian Pacce (colaborou Camila Yahn)

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