Moda masculina em 1997

28.07.1997

Nova York – Ao contrário dos verdadeiros shows de excentricidade das passarelas de Milão, a semana de moda masculina de Nova York é business puro. Mais do que criar uma imagem adequada à marca, os desfiles masculinos para a primavera 98 visam atingir seu consumidor final. Pelo que se viu em mais de 20 desfiles durante cinco dias, na semana passsada, este consumidor final é um homem cool, moderno e extremamente sofisticado na elaboração de seu look.

Tanta dedicação à aparência não aproxima o homem 98 em nada do almofadinha yuppie que marcou a moda americana no final dos anos 80. Seja no preto-e-branco de Helmut Lang, na riqueza de cores de John Bartlett ou em seu uso parcimonioso para Boss, de Hugo Boss, e Calvin Klein, o homem mostrado em NY respeita uma aparência mais natural, relax mas não relaxada, em que predominam costumes de três botões, com ombros levemente estruturados e calças secas. Os tecidos eleitos para a tal roupa social – que na verdade é a roupa profissional usada pelos executivos- são lã fria, lã com seda, gabardine stretch, linho encerado, sintéticos com brilho, napa e muito ultrasuede (camurça sintética). A monocromia da gravata-camisa-costume surgida no último ano dá lugar aos sobretons de beringela, marrom, cáqui, cinza e preto. A Boss arrisca um vermelho e salmão em meio a tons de areia inspirados no filme “O Paciente Inglês”. Já o americano John Bartlett prefere a imagem de “Forrest Gump” em versão dirigida por Fassbinder para chegar a uma “sexcentrity”. O austríaco Helmut Lang está mais para “Pulp Fiction” com seus costumes sequinhos acinturados por faixas tipo smoking, que viram capanga. A opção casual são as regatas furadinhas com avental branco ou as calças jeans manchadas de branco, iguais às dos artistas que circulam pelo Soho.

Lilian Pacce para O Estado de S. Paulo

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