Fause Haten anda sofrendo de algum transtorno de dupla personalidade. Calma, isso pode ser bom. O desabrochar de sua veia cantora, revelada na trilha de seu desfile passado, coincide com uma nova direção de sua moda, festeira como sempre, mas que anda mixando referências como quem mistura Bee Gees com Rolling Stones e ainda consegue algum sucesso. Assim como no inverno, a primeira impressão é confusa, carregada, nonsense. À medida que forçamos o olhar, porém, revelam-se complexas construções que, se flertam perigosamente com o over e com o kitsch, valem pelas excelentes sacadas. Saias que são calças, “meio look” de cetim fluido, enquanto a outra metade mantém-se enrijecida no jacquard. Na frente brilhos, nas costas babados. À esquerda, a moça romântica, e à direita a de alma vamp. E vice versa. Um verdadeiro patchwork de texturas, onde brocados e adamascados tem o mesmo peso de rendas e laises na formação da imagem um tanto carregada que Fause parece ter escolhido para realizar sua pegadinha fashion, um tanto desconexa da vida da mulher real. Proposital ou não, tirada de sarro ou estudo sério, o fato é que a moda de Fause parece menos centrada do que sua carreira musical. Mesmo escondido por makes absurdos, o estilista até que segura muito bem a onda com seu vozeirão. (Sylvain Justum)
