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SPFW outono-inverno 2010

22.01.2010

“Muito deprimido”, “Pra baixo, né?”. Essas frases circulavam pela Bienal depois do penúltimo desfile do SPFW, o Do Estilista de Marcelo Sommer. Mas ao mesmo tempo, ao meu lado, o que eu ouvi logo de cara no começo do desfile, após o curta tipo filme mudo bem bonito do começo, foi o seguinte: “Ufa, é esse o Marcelo Sommer que me fez querer fazer faculdade de moda!”.

As frases que apontavam essa coleção de outono-inverno 2010 como depressiva vieram de pessoas que não usam Do Estilista. A frase que comemorou uma coleção bem amarrada e tocante veio de uma repórter de 24 anos que faz parte do universo de Marcelo – ela frequenta as mesmas baladas, ouve as mesmas músicas, conversa com as mesmas pessoas. O texto da marca distribuído pra imprensa defendeu: “Quero o mais simples. Quero não desperdiçar. Não perder tempo, dinheiro, sono, contato.” O estilista chamou só amigos pra desfilar, e refletiu um momento próprio que, sim, encontra eco em seu nicho de mercado – qual jovem esclarecido, diante do aquecimento global e da atual situação do mundo, não vai se ver no tricô detonadinho, na flanela xadrez envelhecida, na pele de jacaré rústica? Não é uma coleção exatamente apocalíptica, por não ser explosiva, mas antes disso reflete a desesperança no seu aspecto grunge sujão. Emociona, assim como aquelas coleções, ainda na Sommer, da Islândia e da chuva. E exigir cores e hedonismo de alguém que não está nessa onda é pedir pro criador ficar cego… Existem muitas outras opções pra isso, mesmo no inverno.

(Jorge Wakabara)

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