Quem já passou dos 50, como euzinha, viu Xuly Bet desfilar roupas usadas e recriadas em Paris nos anos 1990, ou Miguel Adrover, Imitation of Christ e o brasileiro Geová Rodrigues em Nova York nos anos 2000. Naquela época, ninguém falava em sustentabilidade. Era apenas um jeito cool e hipster de criar e se viabilizar no mundo da moda.
Um salto no tempo e chegamos ao mundo pós “Uma Verdade Inconveniente” (o documentário de Al Gore que disparou o alarme vermelho sobre o aquecimento global e sustentabilidade), quando esse resgate da roupa e da estética de segunda mão, de brechó, vintage ou como queira chamar, passou a ser um conceito muito forte – ou um “propósito”, palavrinha que agora é mágica no posicionamento das marcas.
E foi esse conceito que mais me interessou na edição 45 da Casa de Criadores, Verão 2020, que aconteceu no começo de julho na Praça das Artes em SP. Várias marcas trabalham genuinamente a ideia do upcycling, ou seja, do reaproveitamento e ressignificação de roupas e tecidos já existentes, já usados antes! São elas: a Re-Roupa, de Gabriela Mazepa, que se inspirou na obra do artista Arthur Bispo do Rosário, a Ahlma, comandada por André Carvalhal, Vicente Perrotta (que entrou no Brasil Eco Fashion e faz seu segundo desfile na CdC), a Brechó Replay, Estileras e Estamparia Social com o coletivo Pote.
Algumas têm uma pegada mais artsy, outras mais social (com reinserção de egressos de penitenciárias, por exemplo), outras mais engajadas nas questões de gênero. Cada uma olhando pra moda com sua verdade – no sentido de fazer o que acredita e de pensar moda de um jeito bem diferente do que o mercado estabeleceu. Eu te mostro neste post alguns looks bem bacanas – com destaque para a participação de Jaloo na Ahlma!