Yves Saint Laurent outono-inverno 2016/17

08.03.2016

Não, você não leu errado no título. Esse desfile é Yves Saint Laurent, o nome resgatado pra batizar a linha de alta-costura da Saint Laurent Paris, e essa coleção, a 2ª parte do outono-inverno 2016/17 da marca (a 1ª rolou em Los Angeles, a gente te mostrou aqui), é batizada de La Collection de Paris, com pouquíssimos lugares pra convidados e em esquema couture mesmo – sem trilha, com mme. Bénédicte de Ginestous anunciando os números de cada look que entrava em francês e em inglês, como fazia nos desfiles de monsieur Saint Laurent entre 1977 e 2002!

Muito se disse sobre a saída de Hedi Slimane da marca desde o começo do ano – e ele vem se mostrado um provocador de 1ª. Continua sem fazer declarações e instigando cada vez mais: essa releitura repentina dos arquivos (em LA, da Rive Gauche anos 70, agora, da couture exagerada dos anos 80) quer dizer um adeus ou uma nova fase? A maior crítica que ele recebia, de que não estava “respeitando os códigos da maison” ao se aproximar da cultura de massa e do streetwear, é rebatida com essas revisões – ou é ainda mais inflada, já que especialmente em Paris ele traz um lado kitsch espalhafatoso em justíssimos curtérrimos, em balonês inacreditáveis, em tecidos cheios de brilho com um ombro só estratosférico, aumentando as mangas de maneira que Lady Gaga circa 2009 aplaudiria? A diversão está in, o tal “respeito”, em tempos de Snapchat, está out. Mesmo com um belo Le Smoking abrindo a apresentação (a gola de rufos negros dando um clima Catherine Deneuve, glamour de cinema), mesmo com dois longos pretos com mais “red carpet quality” quase no fim, mesmo com o delicioso casaco em forma de coração (um símbolo que o próprio Yves sempre gostou), mesmo com a musa Betty Catroux levada por Pierre Bergé pra sua cadeira antes do desfile começar como nos velhos tempos – não dá pra ignorar que os looks parecem saídos do armário de uma filha de Joan Collins em “Dynasty” ou da imaginação de Molly Ringwald em “A Garota de Rosa-Shocking” à beira da formatura. E não dá pra ignorar, também, que meninas baladeiras que sabem se divertir vão querer, sim, usar esses looks. Se essa é uma carta de despedida, ela vai ressoar, pro bem ou pro mal, por um tempo.

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