Uma noite de 1986: um menino assiste ao programa “Flash” de Amaury Jr maravilhado com aquele mundo. As divas de maquiagem forte, poderosas. Ele era Rober Dognani, que agora decide relembrar essas cenas nesse desfile na Casa de Criadores. O arco-íris do começo da apresentação, tipo esperando a champanhe gelar, representa essas figuras míticas se arrumando pra uma noite no Gallery, boate de SP que teve seu auge entre os anos 80 e 90. Loïc Koutana é Sandra Bréa; Ivana Wonder é Hebe Camargo; Johnny Luxo é Roberta Close; Renata Bastos é Luiza Brunet; Aretha Sadick é Chiquinho Scarpa; Agatha Fabiano é Xuxa Meneghel; Ariella é Matilde Mastrangi; Agnes Oliveira é Monique Evans. Elas não estão exatamente caracterizadas mas representam essa energia oitentista glamourosa, possuídas pelo espírito noturno ouvindo “La Vie en Rose“; encarnações das fotos em P&B de Dimas Schittini, que registrou a noite paulistana da época. Saem de cena ovacionadas, claro.
E aí começa a apresentação de fato, que celebra os exageros de brilhos, volumes e closes; mangas presunto, ombreiras, paetês, brocados, metalizados. Os jeans são uma homenagem à Dijon (Humberto Saad, o fundador da marca ícone que imortalizou a imagem de Luiza Brunet fazendo topless só de calça jeans muito antes da Calvin Klein popularizar essa ideia, morreu faz um pouco mais de um ano). Outra homenagem, e essa é dupla: o gato Matheus Aparecido interpreta Yves Saint Laurent com direito a copinho de uísque na mão. Ele usa um paletó cuja modelagem vem de uma peça original da marca carioca Mr. Wonderful de Luiz de Freitas, direto do acervo do stylist Davi Ramos. Chic! O casting também dá peso ao desfile, que abre com Geanine Marques e fecha com Alessandra Berriel e, pelo meio, ainda traz Carmelita, Urias e Goan Fragoso. Florais, rosa choque, clochard, animal print… O escapismo contagiante da década dos exageros. A noite termina com a fila final ao som de Wanessa Camargo ao vivo cantando “Mulher Gato“! Dançar pra não dançar – vamos pra pista! (Jorge Wakabara)
