Hedi Slimane, o incompreendido. Sim, porque ele continua ora recebendo críticas duras de fashionistas, que não entendem o que ele está fazendo com a história da maison Saint Laurent, ora recebe críticas perdidas da imprensa especializada, que ao não entender acaba sem emitir opinião alguma. Ele é um gênio? Ele é uma farsa? A coleção de primavera-verão 2014 da marca apresentada na Semana de Moda Masculina de Paris foca em referências roqueiras, da androginia à Mick Jagger e David Bowie até Teddy Boys, rockabillies e motoqueiros. Hedi é fiel ao seu estilo: estão falando de oversize? Ele não parece se importar e continua fazendo tudo justo, principalmente calças. Nesse rock entram bandanas, cordão de caubói no pescoço, bota de bico fino, brilho, listras navy e até uma camisa meio havaiana – é uma mistura de tecidos, modelagens e texturas que lembra… Lembra um guarda-roupa de verdade. Um guarda-roupa de um rapaz muitíssimo estiloso. Causa estranhamento porque são imagens de alto teor fashion mas ao mesmo tempo são muito factíveis, parece, recém-saídas da Topshop. O acabamento, claro, é precioso; o material também; e por isso o preço é de luxo. Mas pagar por esse luxo pra parecer saído da Topshop? Alguns ficam irados só de imaginar. Só que, em tempos de competição de fast-fashion, talvez Slimane esteja formulando uma resposta a longo prazo bem mais impactante do que a das outras marcas. Lembre-se que a história da Saint Laurent e de seu fundador, Yves, incluía a provocação e a transgressão de valores burgueses. O que seria isso hoje? E além disso… tem Rei Kawakubo e Azzedine Alaïa assistindo ao desfile, ali, discretos, na fila C. Name dropping é pedante, mas no caso desses dois, alguma coisa tem, viu?
