Prada primavera-verão 2015

19.09.2014

Dunas roxas adornam o cenário da primavera-verão 2015 da Prada apresentada na Semana de Moda de Milão, que parece uma sequência da coleção masculina. Estão aqui os pespontos, ainda em uma profusão espantosa, mas o mais interessante é que o tal do normcore que parecia pulsar por lá agora está enterrado debaixo dessa areia toda com a ajuda de brocados, modelagens que realçam o corpo feminino acinturando-o, cortes de tecidos finos no fio mostrando como eles são preciosos. No backstage, Miuccia fala que quer reviver “a beleza de tecidos inacreditáveis”, mas é ela mesma quem também sempre discursa sobre a impossibilidade da beleza, sobre esse ser um conceito relativo. É por isso que às vezes suas coleções são irônicas e às vezes são “sérias”, como um esforço de atingir o inalcançável – e a beleza está no caminho, e não na chegada.

O toque irônico dessa vez talvez seja involuntário: a coleção é um pesadelo pra quem segue regrinhas de moda. Comprimento no joelho com meia 3/4 com bota um pouco mais curta com marcação na cintura com recorte de outro tecido no colo… A silhueta “toda recortada”, em teoria, deixa a pessoa “menos elegante”, mais baixinha, menos longilínea… E há como ficar menos elegante em um patchwork de tecidos incríveis? (A pergunta é sincera.) Pra completar, nada de decote: é tudo fechado, com direito a golinhas mais altas.

Outro fator interessante é o vintage que Miuccia tanto gosta: tudo é envolto num ar burguês anos 70, uma das décadas mais queridas da estilista, sem ser literal. Marrom claro, suéteres em tricô, patchworks… Pra abrir o desfile, ela chama Gemma Ward, top símbolo da Prada que não andava numa passarela há 6 anos; pra fechar, Lara Stone, outra modelo que também já foi referência na grife. Crônicas de um passado recente. Confira mais na galeria!

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