O local escolhido por Paula Raia pra apresentar sua linda primavera-verão 2013/14 ganha tintas políticas mais fortes pelo que simbolizou na década de 60 – especialmente quando relacionado aos acontecimentos do último dia, com manifestações na pauta da vez. A Casa do Povo foi ponto de encontro da resistência na época do golpe militar. Mas, fora isso, o desfile de Paula foi apolítico: sua inspiração, o missionário católico francês St. Jean François Regis, desenvolvia e usava rendas. A partir daí, a estilista dialoga com o clero, desde a silhueta (vestidos longos e retos, ou levemente evasês) até recortes com simbologia bem clara, de cruzes. Ao mesmo tempo, o lado sensual da marca continua marcando presença nas transparências (efeito treliça nas rendas exclusivas encomendadas por Paula, inclusive) e decotes na frente e nas costas. Com trilha sonora tranquila e imagens etéreas, a apresentação parecia nos pedir calma, como um oásis ou uma página em branco pronta pra ser preenchida devagar, com o que a gente quiser. Esse efeito relaxante trouxe uma sensação de paz, muito bem vinda. (Jorge Wakabara)
