Lenny Niemeyer primavera-verão 2017/18

29.08.2017

À primeira vista pode parecer que a inspiração de Lenny Niemeyer pra essa primavera-verão 2017/18 vem dos anos 80 ou algo vaporwave, com geometrias, traços, degradês… Bom, pare tudo o que você está fazendo agora e busque por Hilma Af Klint e Emma Kunz, duas artistas pioneiras do abstracionismo geométrico da primeira metade do século 20 que são simplesmente incríveis, no Google. Existe um tom feminista aí já que elas só foram redescobertas em 1985 e mesmo assim, até hoje, não têm um reconhecimento tão grande quanto merecem. “Depois de ter feito o Japão, mais orgânico, queria algo mais limpo, mas também queria algo da arte”, a estilista explicou no backstage. O interessante é que Klint e Kunz possuem outra coisa em comum além desse lado abstrato: as obras de ambas também traz algo místico, esferas-luas-triângulos, como se elas buscassem uma dimensão espiritual se aprofundando em ângulos e volumetria… Uma combinação superinstigante, que dá em peças chiquérrimas não só por serem visualmente atraentes mas pela percepção da busca de algo ali que ultrapassa o simples jogo do olhar. A impressão cresce quando as linhas pulam da estampa e ganham tridimensionalidade em roletês; quando outras formas também saem da peça, 3D em lycra dublada; quando o geométrico passa a ser fluido nos blazers-quimonos longos e nas desconstruções com faixas-pedaços saindo da modelagem. Nos acessórios desenvolvidos em parceria com Eleonora Hsiungbrincos incríveis que desafiam a gravidade. E no maiô em si, quando a modelagem faz um cruzamento de faixas de lycra ali no meio de maneira perfeita, com caimento exato. O mistério da lógica matemática, a epifania. Deve ser uma atração alquímica – mais do que linda, essa coleção é um espanto. (Jorge Wakabara)

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