Lanvin outono-inverno 2016/17

04.03.2016

Impacto inicial: a sala escura de desfiles foi trocada por um ambiente iluminado em tons de bege. Alber Elbaz não está mais aqui e, ao que tudo indica, a Lanvin quer deixar isso claro nesse outono-inverno 2016/17, desvencilhando-se da forte impressão que o estilista deixou após 14 anos à frente da reinvenção da marca. Mas como (re)construir a Lanvin sem se referir ao trabalho de Alber? O estranho é que a opção aqui, dos interinos Chemena Kamali e Lucio Finale, foi olhar pros anos 80, sendo que o auge da própria Jeanne Lanvin foi entre 20 e 30 e ela mesma morreu em 1946. Ou seja: não se buscou a referência nem na fundadora, nem em quem tornou o estilo Lanvin muito reconhecido em nova fase. E o que sobra?

Chemena se esforça pra fazer uma coleção impactante, sem dúvida, mas é ruim ter todos os olhos sobre você e ser comparada a alguém muito mais experiente (ou, pior, a Alessandro Michele, que é um caso à parte na Gucci). As rendas à New Romantics funcionam pra cliente da marca (talvez com um styling mais charmoso funcionariam ainda mais), os vestidos assimétricos unidos ao know-how do ateliê da casa também. A alfaiataria já deixa um pouco mais de dúvida no ar – o humor que ela poderia ter ficou um pouco apagado, afogado, mesmo em forma de bolero xadrez ou na lapela toda bordada. Os acessórios de Finale tem certa personalidade – a bolsinha saco, os colares-gargantilhas… Mas “certa personalidade” parece pouco. Essa pode ser uma coleção de transição mesmo, com cartas bem marcadas. Porém se a intenção era apresentar os dois novos estilistas da Lanvin com menos pressão sob a pecha de interinos, não deu certo: eles não se mostram aptos, ao menos por enquanto, pra calçar esses preciosos sapatos.

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