Igor Dadona outono-inverno 2016

15.10.2015

A coleção de outono-inverno 2016 de Igor Dadona é a melhor que ele já apresentou na Casa de Criadores. Isso acontece por uma confluência de fatores: a sua própria moda amadureceu bastante, a tendência do gender light (ou #genderfuck, #genderblend, agênero, como queira) tem tudo a ver com o trabalho que ele desenvolveu até agora e o próprio tema foi uma escolha feliz. Ao misturar grupos da cidade (punk, roqueiros, góticos, new romantics) e os do campo (pescadores de pérolas, o típico escocês, os gaúchos dos pampas), ele discute a dificuldade universal que o ser-humano tem em se encaixar e, consequentemente, a armadilha que se esconde nessa tentativa de encaixe.

O bom é que o discurso consegue ser transmitido na prática – ou seja, na roupa – com esses mash-ups de kilt com floral folk, de roqueiro com lenhador, de punk com sonhador (pura contradição, já que o punk original não vê futuro, mas não somos todos contraditórios?). São ótimos os colares ferraduras-cobras, parceria com o designer Marcio Krakhecke; o jogo entre o preto dark e o branco da lã com fio de nylon metálico na trama, dando um brilho inesperadamente glamouroso; a sequência final que remete ao trabalho de Alexandre Herchcovitch mas ao mesmo tempo faz uma mistura barroca de padronagens como nunca se viu antes em Dadona. Essa variedade de materiais, com texturas, pesos e estampas misturados, é jogo de gente grande e requer uma mão firme. A do estilista está com uma pegada forte, boa, que promete ainda mais. (Jorge Wakabara)

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