Gucci primavera-verão 2016

22.06.2015

Essa coleção masculina de primavera-verão 2016 da Gucci é importante por causa do timing. É nela que a gente perceberia se a nova estética da marca, reinventada pelo estilista Alessandro Michele, teria sido bem-sucedida comercialmente ou não – se sim, ele seria incentivado a continuar pelo mesmo caminho e até ir além; se não, já apareceria alguma mudança de rumo. E ao que tudo indica, a androginia excêntrica deu certo sim e vai bem, obrigado: as camisas de renda, as blusas de laço e os bordados cheios que mais parecem broches estão firmes e fortes na passarela. Mas agora, um detalhe: está vendo esse 1º look? Totalmente emblemático, ele traz o monograma dos Gs da marca no trench, recortes de camurça, as cores clássicas da Gucci vermelho escuro e verde, estampa floral que remete à tradicional Flora e, no geral, um ar da década de 70, era áurea da Gucci na qual ela caiu no gosto do jet-set milionário, de Jackie O a estrelas hollywoodianas. Tacada de mestre: no lugar de continuar se referindo ao porn-chic de Tom Ford dos anos 90, Michele rebobina ainda mais a fita e vai buscar suas referências em uma época em que a grife também esteve em um auge.

Daí o estilista encontra espaço pros seus exotismos: a androginia mezzo queer mezzo geek; robes que normalmente seriam pra ficar em casa mas, de tão bonitos, dá vontade de levar pra rua; pijamas e camisolões na mesma linha; calças boca de sino (nada da flare modernosa, a boca abre total); padronagem decorativista tipo papel de parede; camisa caubói em vichy; conjunto de jogging com brocado metalizado de fazer inveja à Anjelica Huston em filme de Wes Anderson. E hits, sim: o vermelho e verde reaparecem ora num vivo no trench de camurça, ora na jaquetinha de nylon. Logomania sem ser, com ar de brechó e ao mesmo tempo tão moderna.

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